5 Fatos Que Indicam Que Os Anos 70 Podem Estar Voltando
Não, não estamos falando da volta da calça boca de sino ou das baladas disco que marcaram os anos 70 e imediatamente vêm à mente quando pensamos nos anos de 1970. Estamos falando de grandes movimentos que aconteceram naquela época e que parecem estar ganhando tração novamente, quer ver?
#1 Inflação Alta nos EUA
Temos sido surpreendidos constantemente com os índices de preços americanos, algo que não víamos há muito tempo e que nos faz lembrar das experiências com a alta de preços na década de 70.
Naquela época, uma combinação de déficit comercial e déficit fiscal ajudavam a explicar a alta no custo de vida da população (embora outro item desempenhou papel importante nessa subida e afetava o custo de vida em outros países – espere pelo item #4) e levava a insatisfações generalizadas (quer ver o afegão médio descontente é aumentar muito o preço da cerveja e dos itens de consumo do dia a dia).
Naquela época, soluções bizarras foram adotadas para tentar conter a alta nos preços, como o WIN: “Whip Inflation Now”. O WIN foi uma tentativa de 1974 de estimular um movimento popular para combater a inflação nos EUA, incentivando as pessoas a pouparem e a ter hábitos de consumo disciplinados em combinação com medidas públicas. A campanha foi mais tarde descrita como "um dos maiores erros de relações públicas do governo de todos os tempos" – nada que o Brasil não tenha ignorado a experiência internacional e adotado medidas de controle inflacionário tão bizarras quanto essa nas décadas de 80 e 90.
Infelizmente nenhuma das medidas malucas deram certo e os preços continuaram a subir, só sendo contidos na década posterior, quando em 1981 o banco central americano, liderado por Paul Volcker, controlou a emissão de papel-moeda (notas de dólares) e elevou a taxa básica de juros do país a 20% ao ano.
Por agora, o que temos visto nos EUA é uma inflação que não está ligando muito para a subida de juros que vem ocorrendo por lá, mas não parece ser o caso de subir os juros daquele país para a casa dos 2 dígitos.
Mas, como diz o ditado, enquanto “uns choram, outros vendem lenços”. Juros altos nos EUA é uma oportunidade para brasileiros investirem num ativo que gostam: títulos de renda fixa. E melhor: em dólar. E a Avenue, que é pioneira em facilitar o acesso dos brasileiros ao maior e mais dinâmico mercado financeiro do mundo, deixou ainda mais fácil para o investidor brasileiro ter renda fixa em dólar: reduziu os valores para aplicação mínima em bonds americanos. Boa opção para colocar uma reserva de emergência em dólar nos fundos de money market, que estão com retorno de 5% em dólar e são mais seguros que a Selic. Saiba mais aqui e confira avisos importantes aqui.
#2 Greves nos EUA
Outra coisa que não víamos há tempos: greves generalizadas nos EUA.
Desde meados de setembro deste ano a United Workers Auto (UWA, sindicato dos trabalhadores de montadoras) têm promovido uma série de greves nas plantas das montadoras daquele país, inclusive conseguindo um feito histórico: é a primeira vez na história que uma greve afetou simultaneamente as três principais montadoras dos EUA – GM, Stellantis (antiga Fiat Chrysler) e Ford – que juntas, respondem pela produção de mais da metade dos cerca de 15 milhões de veículos vendidos naquele país anualmente.
Mas as greves não param por aí, não: quase 300 greves já ocorreram nos Estados Unidos até agora este ano, incluindo uma greve dos trabalhadores do setor de saúde e dos atores e dos roteiristas de Hollywood (essas duas últimas é mais fácil de você ter ouvido falar por aí – até a Barbie, ou melhor, Margot Robbie, participou de protestos).
A reivindicações dos sindicatos são decorrência do item #1 desta lista, principalmente: aumento dos salários dos funcionários devido ao crescente custo de vida.
Olhando em retrospecto, a década de 1970 foi um ponto alto para o movimento sindicalista dos EUA, com paralisações de trabalho, greves selvagens e ocupações que se espalharam por todo o país, envolvendo trabalhadores de todos os setores. Segundo as contas do Departamento de Estatísticas de Trabalho dos EUA, na sua contabilidade do ano de 1970, só naquele ano houve, 5.716 greves, envolvendo 3 milhões de trabalhadores.
Durante a década de 1970, a maioria dos trabalhadores fazia parte de um sindicato, lutando por salários mais altos e melhores condições de trabalho. Muitas pessoas sentiram que os sindicatos defendiam os interesses dos trabalhadores comuns e lutavam por uma sociedade mais justa e igualitária. Alguns, no entanto, sentiram que prejudicaram a economia do país: aliado aos preços altos, vinham um crescimento econômico baixo que levava à espiral negativa da estagflação. Essa espiral negativa só foi superada na década seguinte, com o remédio dos juros e as reformas liberalizantes.
#3 Guerra No Oriente Médio
O que pode ser pior do que um cenário de baixo crescimento e inflação ? Um cenário de baixo crescimento, inflação e guerra no Oriente Médio (por que no Oriente Médio? Espere o item #4).
E foi bem isso que vimos na década de 70: tivemos a Guerra do Yom Kippur, que envolveu diversos países na região e tiveram impactos geopolíticos no mundo todo.
A Guerra do Yom Kippur foi lançada pelo Egipto e pela Síria contra Israel em Outubro de 1973 para recuperar territórios perdidos pelos árabes no conflito de 1967, na Guerra dos Seis Dias. Os israelenses foram pegos de surpresa, pois foram atacados em um feriado santo, e sofreram pesadas perdas antes de se mobilizarem.
O conflito envolveu as duas superpotências da época - os Estados Unidos, a favor dos interesses de Israel, e a URSS (atual Rússia), favorável aos países árabes - e gerou grande tensão diplomática e teve consequências que impactaram o mundo todo.
Nos últimos dias tivemos mais algumas reminiscências dos anos 70: Israel foi atacado pelo grupo terrorista Hamas no feriado santo do Simchat Torah, o que levou o país a declarar guerra contra o grupo e a iniciar operações de contra-ataque nos territórios da Palestina controlados pelo grupo. E, semelhante ao anos 70, um delicado xadrez diplomático se seguiu: porta-aviões americanos e britânicos se moveram em direção ao Oriente Médio, enquanto a Rússia condenou a ação militar israelense.
No final, na Guerra do Yom Kippur, Israel conseguiu repelir os egípcios e em 1978, o Egito assinou um tratado de paz com Israel em Camp David, nos Estados Unidos, encerrando disputas pendentes entre os dois países.
#4 Aumento no Preço do Petróleo
Ainda como consequência da Guerra do Yom Kippur, em outubro de 1973, os países árabes exportadores de petróleo proclamaram um embargo às nações aliadas de Israel. Em cinco meses de embargo, o preço do barril de petróleo subiu de 3 dólares para 12 dólares no mundo inteiro.
O momento era de crescente consumo de petróleo nos países industrializados, o que garantiu que o embargo custasse muito aos embargados: o choque no preço do petróleo elevou abruptamente o custo de produção e transporte, levando a um choque nos preços ao consumidor.
Esse “Choque do Petróleo” fez com que o mundo, e particularmente os Estados Unidos, entrasse em recessão.
Olhando para os dias de hoje, tivemos um aumento de preço do barril de petróleo com a Guerra no Ucrânia (que saltou da casa dos US$80/barril WTI para US$ 110/barril, nas primeiras semanas da invasão russa) mas nada perto do que poderia ser um novo embargo feito pelos países árabes.
Pensando nos impactos que uma eventual guerra generalizada no Oriente Médio poderia ter, O barril de Brent subiu 5,62% nesta sexta (13/10), a US$ 90,83, maior valor desde o dia 3 de outubro. Se a guerra atual se agravar, é de se esperar que esse preço suba muito mais.
#5 Milagre Econômico Brasileiro
A década de 70 também teve muita coisa boa e, por aqui, além de termos sido Tricampeões da Copa do Mundo, ainda tivemos o Milagre Econômico.
Seleção de 70: Saudade do que a gente não viveu
A origem do “milagre econômico” brasileiro foi a criação do PAEG (Programa de Ação Econômica do Governo), liderado pelos ministros da Fazenda, Octávio Gouvêa de Bulhões, e do Planejamento, Roberto Campos (avô do nosso RCN) em meados da década de 60, que surtiu efeito já na década seguinte.
O PAEG previa incentivo às exportações, abertura ao capital externo, reforma nas áreas fiscal, tributária e financeira, além de abrir espaço para obras de infraestrutura e integração nacional.
O Brasil, sob impulso do milagre econômico, foi alçado para a posição de 9ª economia do mundo. Porém o choque do petróleo e a inflação levou ao declínio do milagre econômico brasileiro.
De similaridades com o momento atual, temos o PIB brasileiro sendo revisado positivamente, enquanto que o crescimento mundial foi revisado para baixo pelo FMI. Essa revisão positiva é reflexo da surpresa com a produção do setor agropecuário brasileiro, principalmente.
Um pouco de wishful thinking este item, é verdade, mas vale pelo alento ao meio aos demais itens (e uma esperança para que, junto com um novo “milagre”, venha mais um caneco da Copa pra gente).