Acabou a inflação no mundo? CondadoView
Esta é a sua carta semanal para atualizar o cenário de mercado. O objetivo é que você pelo menos fique um pouco mais informado ou tenha o que comentar na mesa de almoço.
China - nada novo sob o Sol
Mais uma semana que o clima continua o mesmo na terra do Sol nascente. Eita, na verdade, esse é o Japão. Mas a ideia é a mesma. O governo está assistindo uma desaceleração em câmera lenta da economia chinesa, já resolveu até dar alguns empurrões, mas nada transformacional. A verdade é que o terceiro trimestre está pulando pela janela em termos de crescimento. Naturalmente o Ocidente é bem animado com cada pequena notícia que mostra que o governo está se mexendo, até por sermos viciados em uma narrativa de que sempre há socorro vindo. Nos próximos dias teremos mais dados concretos, principalmente no lado do consumo doméstico, com o resultado do varejo, para entender o quão rápido essa desaceleração está ocorrendo. O que o mercado vai olhar nas próximas semanas são esses dados de atividade, mas também os comentários dos principais policymakers em relação a novas medidas, além de acompanhar como está piorando o volume de vendas no mercado imobiliário.
EUA - Acabou a inflação?
O CPI desceu de elevador em junho, surpreendendo o mercado de todas as formas possíveis e mostrando que o fim pode estar próximo. O Fed teria cada vez menos espaço para estender o ciclo de alta de juros, o que é música para os ouvidos de quem quer tomar risco, das corretoras, dos bancos de investimento e de quem vive do mercado financeiro. E o melhor de tudo é que a economia continua forte, gerando emprego na medida certa, com crescimento do setor de serviços e alguma recessão no setor industrial. Aumenta a probabilidade de um cenário bastante benigno, de soft landing, em que as coisas dão certo ao mesmo tempo, com queda da inflação, mas sem recessão. Dessa forma, os mercados estariam com menor risco de sofrer frustrações com os lucros das empresas e, mais do que isso, a queda da taxa de juros em 2024 ainda seria um grande bônus para o ambiente. Por enquanto as coisas começaram a dar certo, mas quem manda nesse jogo é o Sr. Fed e eles ainda não deram sinais de que mudaram a cabeça e que serão mais mansos no final do mês.
Brasil - Qual a próxima pauta?
Quando o IPCA parecia que ia matar o call de um corte mais forte de juros em agosto, esse CPI apareceu para dar uma animada na galera. Para falar a verdade, tanto faz se é 25 bps ou 50 bps, desde que seja alguns bps. Ainda vamos entrar nesse ambiente mais feliz em que a discussão é até onde vai esse ciclo de corte e, no mercado de juro, muito já foi feito, agora a turma do juro vai acabar entrando no mercado de maior risco e os prêmios serão capturados. A atividade econômica permanece forte, com os dados de serviços surpreendendo para cima, mercado de trabalho forte e as pautas andando. O mercado continua tateando qual será o próximo pula-pirata que pode receber de supetão e ter que trocar o pé. Por enquanto está difícil achar algo que não venha lá de fora. Talvez a reforma tributária no lado da renda, que vai afetar alguns produtos financeiros, pode gerar algum barulho, mas não parece nada transformacional. Esse é o momento que mais tenho raiva: quando começo a ficar muito otimista com o Brasil.
Frase da semana
Não tenho compromisso com o erro.
Juscelino Kubitschek, político.
Curiosidade da Semana
Como surgiu a numeração dos sapatos?
Tudo começou em 1305. O rei Eduardo I, da Inglaterra, decretou que se considerasse como uma polegada a medida de três grãos secos de cevada alinhados. Os sapateiros ingleses se entusiasmaram com a idéia e passaram a fabricar, pela primeira vez na Europa, sapatos em tamanho-padrão, baseando-se nos tais grãos de cevada. Um calçado que medisse, por exemplo, 37 grãos de cevada era conhecido como tamanho 37.