Condado View - Inflação não dá folga
Legenda: Esta é a sua carta semanal para atualizar o cenário de mercado. O objetivo é que você pelo menos fique um pouco mais informado ou tenha o que comentar na mesa do almoço.
Brasil - US$4,7 bilhões de fluxo para ADRs brasileiras
Pronto, todo mundo descansou e agora podemos começar o ano!
E por “descansou” leia-se: zerou o seu joguinho de videogame; levou leves punhaladas de cassetete da polícia na pipoca em Salvador porque ficou na frente do policial; passou aperto em um calor sufocante na superlotação dos blocos com som baixo em SP ou roubaram o seu celular (e não era o do ladrão).
Bateria recarregada ou não, agora acabaram as desculpas para não tirar aquelas metas do papel.
Se por aqui a mão invisível do mercado resolveu descansar, lá fora o mundo continuou rodando! Eu sei que você estava esperando uma sangria no mercado de renda variável na quarta-feira porque o PCI do EUA veio ruim, mas calma, na própria quarta o mercado já tinha corrigido por lá (te falo mais daqui a pouco) e por aqui tivemos uma reação retardada com queda de 0,79% no Ibovespa.
Tem notícia boa para as ADRs, aquelas ações brasileiras listadas na bolsa americana.
Esse tipo de empresa vai poder fazer parte do MSCI Brazil (índice de ações brasileiras). Estima-se um fluxo de US$4,7 bilhões para as empresas brasileiras listadas nos EUA, mas a regra só muda a partir de agosto
No fim da semana passada tivemos o Banco do Brasil fechando a divulgação dos resultados dos grandes bancos para o quarto trimestre de 2023. O BB veio mostrando resultados legais reportando o lucro de R$9,4 bilhões, alta de 5% na comparação anual. Teve recorde com o lucro líquido recorrente de R$35,5 bilhões no ano passado, o melhor resultado da história com alta anual de 11,4%. O ROE também veio demonstrar a sua imponência esmagando seus concorrentes em 22,5% no último trimestre do ano, é mais do que o dobro do Bradescão, 10 pontos acima do Santander e um pouco acima do Itaú (21,2% que já tinha impressionado muita gente).
EUA - Só em junho (talvez)
Eu sei que você ainda está se situando depois de encher a cara no carnaval, mas o feriado era só por aqui, então seguimos acompanhando os indicadores americanos.
Já temos novas deliberações sobre quando vai ser o primeiro corte na taxa de juros americana, agora tem quem diga que no mês de junho se inicia a mudança de perspectiva da taxa.
Em plena terça de carnaval foi divulgado o CPI dos EUA (o IPCA deles). Só se via foliões preocupadíssimos com o indicador nos bloquinhos da Faria Lima. O índice de preços ao consumidor americano veio em alta de 0,3% em janeiro, enquanto o consenso de mercado era de 0,2% - enterrando qualquer moribunda possibilidade de um corte já em março. No acumulado dos 12 meses a tendência é de desaceleração em 3,1% ante aos 3,4% do mês anterior. Excluindo os preços voláteis de alimentos e energia, o núcleo de janeiro ficou no mesmo patamar de dezembro em 3,9%. Isso reforça a ideia de que a inflação de serviços continua resiliente.
Fonte: Valor Econômico
As bolsas de valores dos Estados Unidos apresentaram uma reação negativa, em contraste, o Bitcoin alcançou um marco histórico, superando seu recorde anterior de dezembro de 2021 e atingindo uma capitalização de mercado de US$1 trilhão na terça-feira. Este aumento foi influenciado em parte pelos ETFs relacionados a criptomoedas e pelo evento de halving.
Na quarta-feira o mercado já demonstrou que não é para tanto, quando reagiram de forma positiva, com o Dow Jones subindo 0,40%, o S&P 500 aumentando 0,96% e o Nasdaq crescendo 1,30%. Além disso, houve uma melhoria no sentimento do mercado de renda fixa americano, com os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA apresentando uma queda, saindo de 4,662% para 4,599% para as T-notes de 2 anos e de 4,3717% para 4,254% para as T-notes de 10 anos - já entendemos que a taxa de juros vai ficar mais alta por mais tempo, tá no preço.
Frase do dia
"O sucesso é um péssimo professor. Ele seduz as pessoas inteligentes a pensar que não podem perder." - Bill Gates
Curiosidade da semana - A vida é feita de acidentes
A descoberta do processo de vulcanização da borracha é uma história histórica marcada por acaso e persistência. Charles Goodyear, um inventor americano, estava obcecado em encontrar uma maneira de tornar a borracha natural mais durável e menos sensível a variações de temperatura. Após anos de experimentos fracassados e dificuldades financeiras, em 1839, Goodyear acidentalmente derrubou uma mistura de borracha e enxofre sobre um fogão quente. Para sua surpresa, em vez de derreter, a borracha endureceu, mas permaneceu elástica. Esse processo, que ele chamou de vulcanização, transformou a borracha em um material mais forte e elástico, resistente ao calor e ao frio. A invenção de Goodyear revolucionou a indústria, levando ao desenvolvimento de uma vasta gama de produtos de borracha, desde pneus até impermeáveis, e estabelecendo a base para a moderna indústria da borracha.