CondadoView - Mercado de Maluco
Esta é a sua carta semanal para atualizar o cenário de mercado. O objetivo é que você pelo menos fique um pouco mais informado ou tenha o que comentar na mesa de almoço.
China - ok, hora de apertar o botão do estímulo
Depois de implementar uma agenda de regulação e porradaria nos últimos dois anos, os chineses finalmente entenderam (ou relembraram) que o seu regime precisa de estabilidade econômica para garantir a estabilidade política. Não que eles estejam próximo de uma crise, nem longe disso, a economia continua bem resistente em seu componente doméstico, mas a verdade é que a direção desse barco já foi melhor. Os indicadores ainda apontam menor crescimento do consumo, da produção industrial, das exportações e principalmente um volume de vendas muito tímido no setor imobiliário.
O mercado de crédito não está exuberante e os bancos estão no corner. Os caras estão amassados desde que o PBOC começou a cortar juros e, até então, eles não tinham alívio do lado das taxas de depósito, basicamente afetando a margem financeira das instituições. O problema é que isso aconteceu no meio de uma piora do risco de crédito, o que fez o apetite para emprestar basicamente sumir.
A noticia boa é que os bancos estatais tiveram luz verde para reduzir as taxas de depósitos e nessa semana os bancos comerciais fizeram o mesmo, uma ação coordenada para aliviar a pressão.
Além disso, o PBOC surpreendeu ao reduzir a taxa de repo reversa de sete dias em 10 bps para 1,9%, o que aumenta as expectativas de uma redução na taxa de empréstimos de um ano (MLF) ainda hoje. Ainda teremos nova bateria de dados de crescimento em maio, que devem reforçar que na margem a economia está patinando, mas que aumenta a chance de novos estímulos à frente. Mas essa é uma xícara de chá para a próxima semana.
EUA - deixando a marreta no armário, momentaneamente
O Fed confirmou as expectativas de mercado e não subiu juros nessa reunião. Deixou a marreta do juros no armário, mas resolveu dar um pula-pirata em geral ao apresentar uma nova projeção de juros para o final do ano: dos atuais 5,1% para 5,6%, ou seja, mais 50 bps de alta ao longo desse ano.
Essa é a estratégia mais curiosa de todos os tempos, pausar dado sinal de mais. Isso depois de enfiar 500 bps na guela do mercado sem qualquer amor. A economia segue forte, os caras revisaram crescimento em 60 bps, enquanto a inflação também foi projetada para cima, com 3,9% no final de 2023. Agora recomeça a briga de faca entre o mercado e o comitê, enquanto um fala que vai subir, o outro pensa apenas nos cortes. Só sei que é difícil ficar na frente do mercado por tanto tempo. Tem muita gente esperando o S&P 500 cair, mas ninguém quer vender de verdade.
Brasil - alguém consegue derrubar a economia?
Alguém está segurando o crescimento brasieiro na marra e esse alguém é a política fiscal. As vendas no varejo vieram melhores do que o esperado para abril, depois de já terem surpreendido bem em março. Isso deixa a possibilidade de um crescimento de 1,4% do varejo no segundo trimestre e reforça toda a percepção de que a economia ainda está bem forte, apesar da pancadaria no juros, na política e a na inflação.
Realmente entramos em um cenário em que o mercado está errando o crescimento para baixo e está tendo que correr atrás do rabo. Isso tem aplicações para 2023, onde o Focus já alçou o crescimento de 2023 de 1,02% para 2,11%. É difícil explicar precisamente de onde vem tanta força, mesmo retirando o agro da conta, que dominou o primeiro trimestre. Provavelmente a torneira fiscal, com repasses, reajustes e antecipações tem liderado boa parte dessa surpresa, o que pode voltar a acontecer em 2024 se de fato o governo tiver um espaço maior para gastos conforme o novo arcabouço fiscal permite.
O fato é que o bullmarket está ali, virando a esquina, doido para entrar na sala com os cortes de juros e com a PFada maluca promovendo o rally do lixo. Além disso, muitos gestores que caminharam pelo trilho da vergonha nos últimos 2 anos também estão loucos e com o dedo no gatilho para comprar beta e melhorar a foto da cota, com um nível de caixa razoavelmente elevado e com algum sinal de estabilização dos saques.
Frase da Semana
Você pode se dar mais mal com uma boa ideia do que com uma má ideia, porque você se esquece de que as boas ideias tem limites.
Benjamin Graham
Curiosidade da Semana
Quando foi construído o primeiro edifício da história?
Desconhece-se a data exata da construção do primordial edifício na história. No entanto, desde as antigas civilizações, existem registros de imponentes palácios, templos e construções. É sabido que os sumérios, que governaram o sul da Mesopotâmia entre 3.500 a.C. e 1.600 a.C., chegaram a estabelecer cidades com uma população superior a 30 mil indivíduos, onde eram erguidos edifícios adornados com colunas e terraços. Devido à escassez de pedras, eles utilizavam uma mistura de junco e argila como argamassa, juntamente com tijolos de barro secos ao sol. O Zigurate de Ur, a maior estrutura desse período, possuía um andar superior com mais de 30 metros de altura. A civilização minoica, que habitou Creta por volta de 2.000 a.C., deixou vestígios de imensos palácios e construções erguidas antes de 1.750 a.C., quando um grande desastre natural as sepultou.