Beeeeeeem amigos da Carta do Condado, sejam bem-vindos a mais uma edição da encíclica semana mais esperada da Faria Lima, a dose semanal de conhecimento financeiro e pitadas de humor negro para aliviar os ânimos daqueles que passam a semana toda em frente à tela de computadores na esperança de fazer algum dinheirinho com uns gráficos de risquinho que todo mundo finge entender mas não sabe explicar direito do que se trata.
Agora que as eleições acabaram (ou não), o foco está 100% na Copa do Mundo, que inicia-se daqui alguns dias. Pensando nisso, a Carta dessa semana apresenta as seleções que disputam o caneco no Catar. Mas não é qualquer apresentação, não: trata-se de uma análise das forças e fraquezas econômicas dos nossos concorrentes.
Aqui, quem dá melhor drible é quem tem as melhores recursos naturais e humanos, é favorita a seleção que melhor sabe se adaptar às crises econômicas e tem a sabedoria de utilizar seus recursos em favor de uma perspectiva de crescimento de longo prazo.
Vamos dar uma olhada nos nossos competidores:
Grupo A
Catar: parece inofensivo, mas tem grandes reservas de petróleo e uma vontade de crescer, inspirando-se na vizinha Dubai para atacar.
Equador: não subestime nosso pequeno latino americano. Além de petróleo bruto, sempre pode ser favorecida pelo apito do árbitro mercado, conforme os ciclos de commodities evoluem.
Senegal: outra seleção que é favorecida pelos ventos de commodities, a seleção africana tem como pontos fortes a mineração, agricultura e uma população jovem. Fiquemos de olho!
Holanda: já não é como era na época das tulipas ou da laranja mecânica, essa seleção tem como carta coringa o porto mais movimentado da Europa e as atividades proibidas em outros países. Ousada.
Grupo B - Grupo da Morte
Inglaterra: quem já foi rei nunca perde a majestade e a Inglaterra prova isso trazendo uma mistura de comércio, serviços financeiros e indústria que dão inveja. Vem de uma lesão do Brexit, que causou certo isolamento no país.
Irã: um dos participantes mais misteriosos e intrigantes da nossa disputa, o nosso Irã é a maior potência do Oriente Médio, com commodities para fazer inveja em muita gente. Não subestime essa seleção, dizem até que possui uma bomba atômica como arma secreta!
EUA: rivalizando com Irã – já foram vistas brigas na torcida organizada dos dois países – nosso franco favorito vem cheio de marra, com o ego lá em cima e um estilo de ataque agressivo, que esconde brigas familiares e intrigas com diversos outros participantes. O ônibus dessa seleção teve que entrar por outro lado, dada as tensões com a equipe do Irã.
Países de Gales: ofuscada pela briga de cachorro grande de Estados Unidos e Irã, é facilmente confundida com a seleção da Inglaterra.
Grupo C
Argentina: nossos boludos entram nessa disputa de cabeça baixa, com vergonha de sua inflação próximo da casa dos 100% e sem perspectivas de melhoras..
Arábia Saudita: por outro lado, os sauditas vem num clima de “já ganhou”, depois de ter ganhado destaque na copa OPEC de futebol.
México: os cucarachos já tiveram melhores, brilharam alto em outras época, favorecidos pela vizinhança com os americanos e pelo ciclo de commodities, numa rivalidade eterna com os brazucas. Nesse ano, porém, não estão muito confiantes de sua performance, haja vista a condução duvidosa por parte de seu técnico. Contam, porém, com a torcida animada das novelas e da turma do Chaves.
Polônia: a pequena fera do leste europeu parece inofensiva, mas não caia nessa! É a sexta maior da Europa, com economia diversificada em indústria, comércio e serviços, o que a faz ser boa tanto na linha de defesa quanto no ataque. Promessa dessa Copa!
Grupo D
França: se no passado Turquia era conhecida como o “velho doente da Europa”, nesta edição temos que a França leva este título. Sem fazer superávits primários desde a década de 70, com protestos de ruas frequentes e tensões sociais crescentes – além dos altos impostos –, os pão de baguette apostam na energia nuclear e nos uniforme de luxo para se manter competitivos nessa Copa.
Dinamarca: os escandinavos apostam em Lego e chocolate para essa disputa. Mas já estão felizes de ter se classificado e seus vizinhos e arquirrivais noruegueses estarem fora da disputa.
Tunísia: o petróleo os trouxe até aqui e a situação de Rússia vs Ucrânia deu ânimo a mais ao pequeno país do Magreb, pois apostam nos seus fosfatos para vencer essa disputa.
Austrália: o time da Austrália vem desfalcado, já que parte da sua seleção preferiu ir participar do World Surf League. Mesmo assim, a Austrália impõe medo nos adversários: minério de ferro, carvão e petróleo são as principais armas de ataque dos aussies.
Grupo E
Espanha: a Fúria já foi grande um dia, mas hoje já não impõe muito medo. Seus jogadores curtem uma siesta e seus pontos fortes são o cinema e as baladas do Euro summer.
Alemanha: essa seleção é perigosa. Cabeça de chave da Eurocopa, a Alemanha conta com um parque industrial pesado e contas fiscais em dia para enfrentar os adversários. O suave equilíbrio entre o álcool e a disciplina parece ser o segredo da potência europeia.
Japão: esta seleção é a versão asiática da Alemanha no que diz respeito às armas da disciplina, mas sua seleção em idade avançada e suas brigas com a vizinha chinesa colocam em dúvida a capacidade de ataque para a seleção da Terra do Sol Nascente.
Costa Rica: mistura de Holanda com Austrália, é outra seleção que foi desfalcada por causa do World Surf League.
Grupo F
Bélgica: versão pocket da Holanda, com a diferença que suas cervejas são melhores. Acredita que o importante é participar.
Canadá: desfalcada pelos campeonatos de hockey, pretende recompor sua seleção através da migração qualificada. Os especialistas apontam que não representa grande risco – são gentis demais e fracos de ataque. Nós concordamos.
Marrocos: tem como principal arma de ataque a Jade e o Clone. Se não ganhar a Copa, pode ganhar um Oscar.
Croácia: praias e verão Europeu são o forte dessa seleção. Ah, e o uniforme quadriculado.
Grupo G
Brasil: economia diversificada, celeiro agrícola e com commodities valiosas, os brazukas chegam tocando pandeiro e resenhando os rivais europeus, que estão tendo que tomar banho gelado no inverno, enquanto o Brasil tem uma das matrizes energéticas mais diversificadas do mundo. Sua arma secreta de ataque são os memes, sua maior fraqueza é a corrupção.
Sérvia: seu forte é o vôlei, mas veio para a disputa pois não queria ficar atrás do seu arquirrival regional, a Croácia.
Suíça: relógios, chocolates e bancos são as armas do ataque do pequeno europeu. Pode parecer inofensiva, mas sabe o segredo de muitos técnicos dos demais participantes nessa disputa.
Camarões: mais um participante que joga bem sob as condições de boom de commodities, aposta nas suas reservas de petróleo para surpreender.
Grupo H
Portugal: chegou dançando o fado e comendo pastel de nata com vinho verde, é carregada nas costas pelo craque “imigração de brasileiros”.
Gana: nossos olhos mal podem enxergar direito essa seleção, que vem banhada à ouro, responsável por 95% das reservas minerais do país.
Uruguai: La Celeste veio à passeio, veio para garantir o churrasco da galera e o verão dos brasileiros.
Coreia do Sul: dirigindo um Hyundai e tirando foto de tudo com seus Samsung, os coreanos, pasmem, são um dos favoritos a levar o caneca. Maior ameaça: os vizinhos ao norte, Coreia do Norte e China.
As delegações já chegaram ao Oriente Médio, agora fazem uma adaptação ao clima e recolhem-se para concentração. O cenário dos jogos é incerto: inflação, uma guerra de membros fora do estádio e com efeitos no mundo todo, além dos torcedores do mundo todo que chegam e pedem novas formas de energia.
Ao mesmo tempo que as maiores empresas do mundo são de tecnologia, na Copa de 2022 o destaque parecem ser as commodities, e os especialistas apontam que terá vantagem que tiver recursos renováveis e capacidade de produzir alimentos e energia para o resto do mundo.
Fiquem conosco e nos acompanhe na próxima semana, onde a Al-Rihla começará a rolar e os times se enfrentarão.
Até logo!
Economia e Mercados
O destaque internacional foram as eleições americanas de meio de mandato, que elegeram deputados e senadores.
Os Republicanos, partido de oposição ao presidente Joe Biden, devem assumir o comando da Câmara dos Deputados, enquanto que o comando do Senado ainda é incerto.
De qualquer modo, isso implica uma dificuldade para o presidente americanos aprovar leis e sinaliza como se desenhará a eleição presidencial de 2024.
Já no Brasil, as eleições acabaram (ou não) e estamos na transição de governo – não sem surpresas.
A perspectiva de criação de novos ministérios e as últimas declarações do presidente eleito fizeram o dólar disparar e o Ibov mergulhar, descolando do cenário de alta lá fora: a preocupação são como o presidente eleito cumprirá as propostas de campanha, que se cumpridas construirão um rooftop no teto fiscal, com vista para deficit primários e perspectiva de inflação e juros nos dois dígitos.
O "BoaSorteDay” foi o nome de batizo de mais um dia de sangria no mercado financeiro brasileiro.