Copa do Mundo Condado 2022 - Parte II
Beeem, amigos da Rede Condado, sejam bem-vindos à encíclica semana mais esperada da Faria Lima, a dose semanal de conhecimento financeiro e pitadas de humor negro. A Carta desta semana é a continuição da Carta da semana passada, em que apresentamos as seleções que vão pelear nesta Copa, bem como fizemos uma análise das forças e fraquezas dos times.
Porém, sem mais delongas, vamos aos jogos:
Início dos jogos
O apito tocar e a Al-Rihla já começa a rolar! Disputas acirradas, e ao final dos 90 minutos, já temos os times que passam para a próxima fase. O cenário dos jogos foi incerto: inflação, uma guerra de membros fora do estádio e com efeitos no mundo todo, além das arquibancadas estarem pedindo novas formas de energia.
No grupo A, o clima favoreceu e Senegal e Catar vão para as quartas.
No grupo B, já era de se esperar o primeiro lugar com os EUA. A disputa entre Irã e Inglaterra é disputada nos segundos finais, com um drible na área e gol na gaveta do Irã, surpreendendo a todos e mostrando seu potencial de compor a versão extendida dos BRICS.
Grupo C tem vitória fácil dos sheiks sauditas do petróleo, e numa disputa emocionante entre o emergente europeu e o emergente latino-americano, a guerra na sua vizinhança desfavorece Polônias e o rally de commodities mais a frente faz o México se classificar em segundo na chave.
Os ventos das commodities também dão o primeiro lugar fácil aos aussies. Em segundo lugar, numa disputa histórica e remontando aos períodos coloniais, a jovem Tunísia se classifica em segundo lugar e manda bisou bisou para os franceses, que insatisfeitos começam a protestar (para variar).
No grupo E temos vitória fácil da potência da Europa, que comemoram com um banho de cerveja. A disputa pelo segundo lugar não empolga, e a fúria espanhola acaba se classificando depois de importar craques de outros países e uma proposta de corte de impostos de última hora.
Grupo F tem como cabeça de chave os canadenses. Marrocos surpreende com suas reservas de fosfatos para agricultura e passa para a próxima fase.
O Brasil passa com tranquilidade pelas oitavas no grupo G, embora a corrupção e a burocracia sejam o calcanhar de Aquiles dos craques. Na cola dos brazucas, surpreende aos incautos mas não aos especialistas: Suíça classifica-se em segundo na chave. Certamente ser a guardiã dos materiais esportivos de outras equipes favoreceu a equipe, que se diz amiga de todos.
Grupo G teve jogo fácil dos coreanos, que aproveitaram para fazer um flash mob no estádio. Em segundo lugar veio Gana, reivindicando sua posição de exportadora de commodities em um mundo que desacelera.
Oitavas de Final
Chegou a fase do mata-mata, caro telespectador! Agora, quem perder o jogo faz as malas e volta para a casa. Os ventos continuam favoráveis aos emergentes e detentores de commodities. O mundo, mais do que nunca, precisa ser alimentado e de fontes de energia. Além disso, os jogadores dos países desenvolvidos começam a sentir o peso da idade, enquanto que os emergentes ainda tem uma população relativamente jovem.
Na disputa entre Senegal e Irã, leva a melhor os iranianos. O craque do jogo foi o petróleo.
Petróleo também favorece e dá a vitória dos sauditas contra a Tunísia.
A tecnologia alemã dá show e manda os marroquinos para casa.
O Brasil tem jogo fácil contra Gana: desempenharam papel relevante as dimensões continentais, a indústria e o agronegócio.
Na disputa entre EUA e Catar, os americanos não têm modos e dispensam os anfitriões com uma goleada tecnológica. Não tem petróleo que segure a goleada dos yankees.
A disputa mais emocionante nessa fase foi México e Austrália. O jogo acabou empatado e a disputada foi para a prorrogação: as duas seleções tem uma população relativamente jovem, grande mercado consumidor e são vizinhas de grandes potências (EUA e China, respectivamente). Na disputa dos penalties, México leva a melhor por sua sinergia com a economia americana.
Na disputa entre Canadá e Espanha, apesar do clima estar quente demais aos canadenses, o jogo termina em goleada e a Espanha vai para a casa sem direito nem a dançar o Waka-Waka.
Coréia do Sul e Suíça é a disputa de poder entre a tecnologia e o sistema financeiro. A tradição suíça leva a melhor e os coreanos vão pra casa – até porque os coreanos logo menos podem dar lugar aos chineses.
Quartas de Final
Agueeeeenta coração que chegamos às quartas de final da nossa Copa do Mundo do Condado!
No primeiro dos quatro jogos, Irã e Arábia Saudita se enfrentam em uma disputa que replica as tensões regionais pela soberania no Oriente Médio. De um lado, os sauditas têm o apoio da torcida americana; do outro, os iranianos levam consigo o apoio dos emergentes e dos russos – que ficaram fora da disputa mas acompanham atentamente os resultados. Os dois times bebem o mais puro petróleo. Numa disputa lance a lance, leva o melhor os iranianos, que apesar das instabilidades sociais fomentadas pelos inimigos, tem um programa nuclear que deu vantagem na disputa.
Alemanha e Brasil se enfrentam nessas semis. Em um cenário que surpreende a torcida, Alemanha tem inflação maior que o Brasil e o time fica perdido em campo. Podemos falar em 7x2? Ou seria 8x1 porque estamos perdendo o título de potência inflacionista? Não importa: o Brasil, malandro como sempre, dá um passeio em campo; com inflação na casa dos dois dígitos, os europeus ficam perdidinhos. O Brasil ri da situação, tanto por achar normal inflação de dois dígitos quanto por não passar frio no inverno por ter uma matriz energética forte e diversificada. Golaço do Brasil, que avança para as semis.
Estados Unidos e México parece um jogo México contra México: a maioria dos jogadores americanos de meio de campo são mexicanos, enquanto que os laterais e zagueiros são latinos de outros países. Apenas o capitão e o camisa 9 são americanos, comandando o jogo. Disputa acirrada, mas os EUA impõe seu domínio e vence o jogo.
Suíça e Canadá encerram as nossas quartas de finais. Graças a Deus, ô jogo chato! Nada de carrinho nem cama de gato no adversário: o jogo parece mais uma disputa de balé, com os dois países sem força e sem um ataque ofensivo. Os recursos minerais, desenvolvimento tecnológico e vizinhança com os yankees não é suficiente para fazer os canadenses vencerem os suíços, que concentram toda sua força no seu poder financeiro e vencem o jogo.
Semi-Final
Estão sentindo os nervos à flor da pele aí do outro lado da tela, caros “leitor-expectadores”? Pois aqui a disputa está pegando fogo!
Na semi Estados Unidos versus Suíça, os europeus encontraram um adversário a altura – o maior do mundo, para dizer a verdade. Aqui, sistema financeiro não vale de nada e os americanos não aceitam chocolate nem relógios-cuco. Jogo fácil para os americanos, que atropelam os suíços a passam para a final.
O show ficou para o jogo entre Brasil e Irã. Duas potências regionais que crescem e começam a incomodar os americanos. Um já é membro dos BRICS, outro quer fazer parte. Um tem um programa nuclear que deixa os europeus e americanos de cabelo em pé, outro tem sem programa nuclear sabotado e caminha à passos lentos, seguindo o cabresto da IAEA. Um tem muito petróleo, petróleo de ótima qualidade e que jorra do solo em grandes quantidades; outro também tem petróleo, mas de forma mais bruta e localizado no subsolo marino. Por outro lado, Brasil tem população 2,5 vezes maior que Irã, além de proporções continentais, o que favorece e ajuda a vencer o jogo apertado, que acaba após prorrogações e penalties.
Final
Agueeeeenta coração que estamos no último e definitivo jogo da nossa Copa! O estádio de Lusail está em polvorosa, os ânimos estão agitados, as torcidas se provocam e o calor é escaldante fora do estádio!
De um lado, os Estados Unidos, maior potência do mundo. Vem com os melhores materiais esportivos, contratou o melhor técnico do mundo, ficou no melhor hotel do Catar e oferece aos seus jogadores um polpuda soma em dinheiro caso vençam o jogo.
De outro, temos o Brasil, abençoado por Deus e bonito por natureza. Parece aquele aluno que não presta atenção na aula, faz zueira e vai bem na prova: se estudasse e fizesse a lição de casa, seria imbatível! Mas o gosto pela farra e pelas soluções de curto prazo ferram com o gigante sulamericano.
Juiz apita, bola rolando! Os americanos vem com tudo atacam com violência e marcam forte o time do Brasil. Por outro lado, os brasileiros não perdem o gingado e não caem na pressão psicológica dos gringos. O capitão do Brasil é o maestro da equipe, comandando avanços expressivos da equipe brasileira, que sai na frente e marca um belo gol de bicicleta com seus recursos naturais e commodities.
Os EUA não deixam barato, mostram o porquê de ser a maior potência do mundo: mostram o peso do seu parque industrial, seu investimento maciço em pesquisa e tecnologia e fazem um golaço.
Jogo empatado aos 44 do segundo tempo, tudo indica que iremos para a prorrogação, quando de repente o Brasil recebe uma bola na lateral e parte com tudo para o ataque, passa pela defesa americana, dá uma caneta no zagueiro e mete a bola na gaveta do gol americano. Goooool do Brasil!
O juíz mercado olha para a cena e apita o final de jogo: o Brasil é campeão da Copa 2022.
Surpresa na arquibancada americana, mas não para a torcida brasileira nem para os especialistas: com um mundo desacelerando, depois de anos crescendo a dois dígitos através do motor chinês, as expectativas sobre o futuro recaem sobre os países emergentes. E, dentre eles, o Brasil está dando um show! Agora, é correr pro abraço e levantar o caneco! Brasil-sil-sil-sil
Frase da Semana
No Brasil, até o passado é incerto
Pedro Malan ex-ministro da Fazenda.
Tópicos de Economia e Mercado
Semana com feriado no Brasil, mas muita vols nos mercados. Quem comemorou demais os resultados abaixo do esperado dos dados de inflação nos EUA provavelmente foi entubado ao longo do restante da semana. Os dados de consumo mostraram que a economia americana está longe de uma recessão e que o trabalho do Fed ainda será duro pela frente. Depois disso, não restou outra opção a não ser os membros do Fed descerem a marretada. Um deles falou até de taxa de juros entre 5% e 7%. Nesses momentos, os ventos lá fora voltaram a mudar derrubaram a turma do cavalo.
Já na Europa, o clima começa a esfriar, mas nada fora do normal. A discussão agora ainda envolve os ataques que ocorreram na Polônia e principalmente o futuro do acordo de grãos, que ocorreu nessa semana. Para mercado, a impressão é que o pior já passou, ainda que a guerra continue terrível como sempre. Todo mundo está olhando agora os planos fiscais dos novos governos e até aonde o BCE vai.
Na China, todos se animam com a continuidade do relaxamento das quarentenas e a percepção de que uma reabertura deve ocorrer no próximo ano. Ainda assim, toda cautela é pouca quando se fala de China e ninguém ainda está afundando o pé naquele mercado. Alocadores estão apenas começando, mas pode ser o grande destaque positivo de 2023. Não dá para deixar de acompanhar.
Bom, e no Brasil? O governo nem começou e já mostrou para o que veio. O papo furado de Congresso de Centro-Direita caiu tão rápido que deu até uma certa dó de quem entrou nessa gandaia. Gente experiente, que já passou por essa trilha. O mercado gosta de ser feliz, essa é a verdade. Quem gosta de notícia ruim e projeção negativa é maluco, mas ganha dinheiro no Brasil. Sempre foi e sempre vai ser. Os mais longos próximos 4 anos estão apenas começando.