Copom não “manteu” - CondadoView
Esta é a sua carta semanal para atualizar o cenário de mercado. O objetivo é que você pelo menos fique um pouco mais informado ou tenha o que comentar na mesa de almoço.
China - onde vai parar?
Após anúncios de estímulo por parte do governo, agora o mercado está esperando o detalhamento real dessas medidas. É o famoso “falar é fácil, agora executar…”. Claramente, se você é brasileiro e está comprado em bolsa local, principalmente commodities metálicas, você vai ter todo o viés de comemorar todo e qualquer sinalização de estímulo que confirme a sua posição. Dessa forma, a melhor forma de acompanhar China é: nunca abra um jornal brasileiro ou então leia um relatório de sell side brasileiro sobre o tema. Provavelmente você já não faz isso mesmo, mas só reforçando o ponto. A turma lá tem incentivado o consumo de tudo quanto é coisa tecnológica e como disse na semana passada, tenho até medo de faltar coisa barata para o Brasil, que você normalmente compra nessas plataformas alternativas de varejo e que chegaram no Brasil com os dois pés no peito. Os caras não estão no melhor momento e os desequilíbrios da economia são grandes, mas é muito difícil ficar na frente do governo chinês quando eles tomam decisão. E eles tomaram decisão de não deixar a economia desacelerar mais. Fique com isso em mente.
EUA - burn baby burn
Semaninha agitada em US, com a Fitch tentando dar um pula pirata no mercado e surpreender com o rebaixamento da nota de crédito. A verdade mesmo é que ninguém deu bola. Ninguém mais liga tanto para a avaliação dessas agências. Todo mundo já sabia que o fiscal americano piorou na última década e principalmente depois do Covid. Isso não impediu o Tesouro de fazer uma esteira de leilões gigantes nesses últimos dois meses e também nos próximos quatro meses. O que tá pegando mesmo é que os leilões serão realmente grandes nas próximas semanas e em títulos mais longos, o que tem gerado uma pressão na curva de juros. Fora isso, tudo indo conforme o plano. Crescimento ta sustentável, principalmente no setor de serviços, inflação caindo e mercado de trabalho menos apertado. Tudo apontando para um cenário onde o Fed parou de subir juros e vai deixar o mercado por conta própria para montar as posições de risco. Se as empresas continuarem entregando os resultados, como fizeram no segundo trimestre, difícil ficar na frente do S&P 500. Aliás, quem não tem nada alocado lá fora, ou é maluco, ou é desinformado. Só isso que tenho a dizer.
Brasil - carnaval fora de época
Quem não comemorou o corte de juros está morto por dentro. Pode ter sido um erro? Sim. Lá na frente a inflação pode ficar mais persistente? Sim. O presidente do BC virou político e votou contra o corpo técnico? Sim. Mas…. a fase inicial do corte de juros é sempre bom para ativos e, até dar M*, já botamos a grana no bolso. Dito isso, a galera não só cortou os juros em 50 bps, como também já telegrafou mais cortes de juros nessa magnitude. E a gente sabe como o mercado gosta de testar voos mais altos quando alguém fala isso, e já vai começar a provocar um 75 bps, para um ciclo de afrouxamento monetário mais rápido. Bom, tudo de bom já foi incorporado e agora o Congresso voltou de férias, cheio de energia. Vamos voltar a falar de reforma tributária e da bola de neve que parece ser o resultado primário do próximo ano. Ainda assim, se o cenário lá fora não azedar, parece que nada realmente impede o Brasil e fica caro apostar contra. Não temos economia muito forte, mas também não temos recessão, mercado de trabalho está Ok e inflação continua caindo. Só falta convencer o gringo não apenas entrar no Brasil, mas permanecer.
Frase da semana
“Tornei-me a Morte, a Destruidora dos Mundos”
Robert Oppenheimer
Curiosidade aleatórias da semana
Por que os cofres são frequentemente retratados na forma de porcos?
No século XVIII, as pessoas costumavam guardar suas moedas em potes feitos de uma argila chamada "pygg". Certa vez, um ceramista que não estava muito familiarizado com o assunto recebeu uma encomenda de algumas peças feitas desse material e imaginou que o cliente queria compartimentos com a aparência de um "pig" (porco, em inglês). Foi assim que nasceram os cofres em forma de porquinhos, que hoje são considerados tradicionais em todo o mundo.