Era Dourada para quem? - Condado View
Legenda: Esta é a sua carta semanal para atualizar o cenário de mercado. O objetivo é que você pelo menos fique um pouco mais informado ou tenha o que comentar na mesa do almoço.
Brasil - R$ 5,70 tá muito caro!
Você viu a entrevista do ministro da Fazenda na CNN Brasil? Olha, sinceramente, não sei porque esperamos grandes coisas dessas declarações. Ele até fez um drama leve sobre o endividamento público, mas as medidas concretas ficaram no campo da fanfic econômica. Quem vai ter que arcar com o serviço pesado, mais uma vez, é a política monetária — leia-se juros altos esmagando o consumo e investimento. Ah e comentou também que não compra dólar acima de R$5,70 - muito caro.
Na sexta-feira, a China deu o ar da graça e mexeu com o coreto global – inclusive o nosso querido real, mas já já chego lá. Fechou 2024 com um crescimento de 5% (dentro do script, sem surpresas), sendo 1,6% no último trimestre e 5,4% no ano contra ano. Até aí, tudo bom e dentro do esperado. As vendas no varejo vieram com um sólido 3,7% (acima das expectativas), e a produção industrial entregou 0,64% em dezembro, o que também foi motivo para comemorar.
Mas, como o mundo não é um conto de fadas, o desemprego resolveu lembrar que ainda existe, subindo 10 bps. Em resumo, a mensagem é clara: tá melhorando, mas o motor ainda dá umas engasgadas. E apesar dos dados animadores da terra do dragão, nossa moeda continuou no modo "coitado" na sexta-feira (17).
E pra piorar, o mercado estava com os olhos brilhando pela posse do reeleito Donald Trump lá nos EUA. Esse hype deu um gás para o dólar contra outras moedas, como o euro e iene, e claro, acabou respingando na gente. O real, coitado, não escapou e fechou o dia com uma leve alta de 0,34% no dólar.
Expectativa é expectativa, posse do Trump é posse de Trump, mas no dia 20, enquanto o mundo estava focado no palanque americano, o BC brasileiro deu o ar da graça com leilões de linha, ou seja, aquela velha prática de vender dólar com compromisso de recompra. Com até 2 bi de dólares na mesa, o mercado respirou e o dólar cedeu -0,64%, levando o real a fechar a R$ 6,03 na segunda-feira (20) e hoje já namoramos o entorno dos R$ 5,90. Como sempre, o dólar reacendendo a chama da humildade no coração de todo mundo. É torcer para uma queda sustentável que ajude a segurar a onda da inflação.
Depois do real dar aquela respirada com os leilões do BC, o presidente Lula, que não foi convidado para a posse do Trump, decidiu se convidar para o show diplomático no Xwitter. O que ele falou? Sei lá, algo como "Meu coração está com vocês." - pera.. não, esse foi outro aceno.
EUA - 2.0
O mercado estava apreensivo com as falas de Trump na posse (20), esperando um show pirotécnico que pudesse chacoalhar tudo. Só que, para a surpresa geral, veio um discurso um mais moderado, focado nas propostas e sem grandes exageros verbais.
Trump, no seu jeito Make America Great Again 2.0, parece querer empurrar a tal Era Dourada da América, prometendo resgatar aquele sonho de prosperidade dos anos 50. A Era Dourada de Trump começou com um verdadeiro cardápio de medidas que gritam America First! Vamos dar uma olhada nas primeiras canetadas do novo presidente:
Fim da cidadania por nascimento para filhos de imigrantes indocumentados.
Reativação do "Permaneça no México": política que exige que solicitantes de asilo aguardem o México durante o processo de seus pedidos.
Designação de Cartéis mexicanos como terroristas
Saída do Acordo de Paris. Trump está ocupado com petróleo.
Saída da OMS: Essa é uma velha rixa que ele decidiu retomar. Saiu porque "não gostou do serviço" na pandemia.
Adeus aos departamentos de diversidade e inclusão.
Indultos aos participantes de 6 de janeiro: Um abraço caloroso à sua base mais radical.
Revogação de 80 ações do governo anterior.
Para o alívio do mercado, quase nada se mencionou sobre as temidas tarifas, além de Trump garantir que vem aí uma ampla reforma no sistema de comércio internacional. No pacote, ele prometeu impor tarifas a países estrangeiros. O fato de que Xi estava entre os espectadores da posse também ajudou a acalmar os corações de alguns.
No mercado, o pêndulo das expectativas voltou a apontar para mais um corte na taxa de juros americana na próxima reunião do Fed. O culpado da vez foram os dados de varejo, que cresceram só 0,4% em dezembro, contra uma expectativa de 0,5%. Para piorar a comparação, novembro tinha registrado um avanço mais robusto de 0,8%. Continuamos aguardando o PCE.
Dados de Mercado
Data-base: 22 de janeiro de 2025
Fonte: Yahoo! Finance
Frase do dia
“Nenhum floco de neve em uma avalanche se sente responsável.” - Voltaire
Curiosidade da semana
Não existe uma linha reta . Dê um zoom perto o suficiente de qualquer coisa e você notará irregularidades. Até mesmo um feixe de luz laser é ligeiramente curvado.