Se você circula minimamente pelo universo financeiro, já deve ter ouvido falar de ETFs. Talvez tenha lido algo no LinkedIn, ouvido um colega de trabalho comentar ou cruzado com o termo enquanto rolava o feed do insta. Mas, afinal, ETFs são mesmo tudo isso que dizem?
A resposta direta é: sim. E com boas razões.
ETFs, ou Exchange Traded Funds, são fundos negociados em bolsa que replicam índices, como o Ibovespa ou o S&P500. Na prática, isso significa que você compra um pedacinho de uma carteira inteira de ativos com a mesma facilidade com que compraria uma ação. Essa combinação de acessibilidade, diversificação e eficiência fez com que os ETFs saíssem do status de produto de nicho e passassem a integrar as carteiras dos investidores mais sofisticados e dos mais iniciantes.
Eles surgiram no Canadá nos anos 90, mas se popularizaram mesmo após a crise financeira de 2008, quando os investidores passaram a buscar alternativas mais transparentes e com menos custo de gestão. Hoje, já são mais de 11 mil ETFs no mundo, gerenciando um total superior a US$ 15 trilhões, de acordo com os dados do JP Morgan.
Na última década, o crescimento do mercado de ETFs foi acelerado. Pelo fato de já ser um ativo estabelecido nos EUA, o crescimento foi maior no resto do mundo (Fonte: JP Morgan)
No Brasil, embora ainda seja um mercado mais jovem, o avanço é visível: são mais de 100 ETFs listados na B3, com quase R$ 50 bilhões sob gestão.
Em termos comparativos, o total de ativos sob gestão em ETFs na América Latina é menor que 1% do share global desses ativos (Fonte: JP Morgan)
O apelo principal dos ETFs reside em uma equação simples, mas poderosa: custo baixo, transparência e diversificação. A taxa de administração é notoriamente menor do que a de fundos tradicionais -- muitas vezes abaixo de 0,30% ao ano. Com uma única cota, o investidor acessa dezenas ou centenas de ativos, o que reduz o risco específico sem exigir a montagem manual de uma carteira. Além disso, como são negociados em bolsa, têm liquidez diária e visibilidade de preço.
Outro ponto que faz diferença na prática é a estrutura de tributação: ETFs não têm come-cotas e a maioria possui recolhimento automático de IR, facilitando a vida do investidor e evitando o famoso "DARF do esquecimento".
E como o mundo financeiro não vive só de passividade, a nova onda dos ETFs ativos tem ganhado força. Diferente dos tradicionais, que apenas replicam um índice, os ETFs ativos contam com gestores que tomam decisões estratégicas dentro da estrutura de um ETF. Ou seja: você une o melhor dos dois mundos, com uma gestão ativa e um veículo eficiente.
Tem ocorrido uma realocação dos ativos sob gestão, com investidores preferindo aportar seu dinheiro em ETFs de gestão ativa do que em fundos fechados de gestão ativa (Fonte: JP Morgan)
O Brasil, inclusive, foi um dos pioneiros nos ETFs de criptomoedas, com o lançamento do BITI11 ainda em 2021, antes mesmo da SEC nos Estados Unidos aprovar o primeiro ETF de Bitcoin à vista em 2024.
Hoje, já há também ETFs que distribuem dividendos de ações, como o DIVD11, aumentando o leque de possibilidades para quem quer renda passiva.
Porém, como qualquer produto de investimento, ETFs não são livres de riscos. Os de renda variável oscilam conforme o mercado, e alguns podem apresentar spreads mais amplos se tiverem pouca liquidez na tela. Além disso, a isenção de IR para vendas abaixo de R$ 20 mil por mês não se aplica, como acontece com ações. Também é importante entender o índice que o ETF está replicando: saber o que há na cesta e como os ativos são ponderados é essencial para não comprar “gato por lebre”.
E mesmo com todas as vantagens, um ETF ainda é só uma ferramenta -- não um objetivo em si. Ele precisa estar a serviço de uma estratégia maior de alocação. Antes de investir, vale checar quem é o gestor, qual o índice replicado, quem é o market maker (responsável por manter a liquidez das cotas em bolsa), e quais os custos totais envolvidos.
Para o investidor que busca eficiência, simplicidade e exposição diversificada com baixo custo, os ETFs são, de fato, uma revolução. Não são uma bala de prata, mas são um dos instrumentos mais poderosos do arsenal financeiro moderno. Com o crescimento dos ETFs temáticos, os fundos de índice com dividendos, os ativos e até os focados em cripto, fica claro que o mercado está cada vez mais robusto -- e que ETFs são, sim, tudo isso. E mais um pouco.
Dica Boa
Quando se fala em ETF, muita gente pensa apenas em ações. Mas o mercado brasileiro já conta com ETFs de renda fixa, que permitem investir de forma prática e diversificada em títulos públicos e privados. É uma alternativa que vem ganhando espaço entre os investidores, especialmente em momentos de virada de carteira.
Com alguns títulos do Tesouro Direto prestes a vencer esse mês, fica a dúvida: onde reinvestir esse dinheiro? Uma das opções é aplicar novamente no Tesouro, claro. Mas outra forma interessante de reinvestimento é via ETF de renda fixa*, que oferece acesso a uma carteira diversificada de títulos, com potencial de liquidez e retorno diferentes, além de facilitar a gestão do portfólio ao longo do tempo.
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*Antes de investir em qualquer ativo, verifique se o produto é adequado ao seu perfil investidor.
Artigo muito bem escrito. Elucida bem o potencial de crescimento de uma classe de ativos que tem um mar azul para crescer no Brasil.
Ótimo artigo.