Habemus Papam
Sejam-bem vindos(as) à mais uma Carta do Condado, a newsletter mais lida e comentada pelas bandas do Condado da Faria Lima. E você não está louco(a), o título é esse mesmo, não estamos atrasados: Habemus papam. Mas é um “papa” diferente. Um papa futebolístico.
Essa semana a Confederação Brasileira de Futebol elegeu seu novo comandante: Samir Xaud, cartola da Federação Roraimense de Futebol. Candidato único, Xaud recebeu os votos que precisava, apesar do boicote de parte de clubes e federações estaduais. E entra em meio a tretas: assume porque o ex-presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, foi afastado do cargo pelo Tribunal de Justiça carioca.
E a renovação não se deu apenas entre os cartolas da CBF: o italiano (e campeoníssimo) Carlo Ancelotti também assumiu o posto de comandante da seleção masculina do Brasil, para deixar a gente mais iludido com o sonho do hexa….
E o que isso tem a ver com finanças? Bem, se pensarmos que o futebol é o esporte mais popular em uma população de mais de 210 milhões de pessoas, bastante coisa.
A renovação dos comandantes da CBF e da seleção brasileira acontece em um momento de transformação econômica significativa no futebol nacional. O Campeonato Brasileiro, na série A, movimentou aproximadamente R$ 8,8 bilhões em receitas em 2023, um crescimento de 22% em relação ao ano anterior, segundo o relatório Convocados, produzido em apoio com a Galapagos Capital.
Fonte: Relatório Convocados
Só em direitos de transmissão, os clubes arrecadaram quase R$ 3,1 bilhões, seguidos por receitas com publicidade (R$ 1,8 bilhões) e transferências de atletas (R$ 1,6 bilhões), mostrando uma indústria robusta em cifras. Venda de ingresso para jogos é só a quarta maior fonte de renda para os clubes brasileiros. Ou seja, não tem jeito: o que dá receita mesmo é os famosos “direitos de TV” – não por acaso, os cartolas brigam tanto por elas e as emissoras vão com tudo pra deter os direitos de transmissão dos campeonatos e poder inserir os comerciais no meio das partidas.
Fonte: Relatório Convocados
O relatório Convocados aponta como a negociação de atletas é uma fonte grande de receita do business, embora seja uma fonte que pode, eventualmente, gerar efeitos negativos na campanha do time ao perder estrelas fundamentais para os resultados. Aqui, uma explicação é o alto endividamento dos times: no total, só os times da Série A acumulam mais de R$ 11,7 bilhões com credores. Além disso, a despesa com pessoal consome parte relevante da receita: 56% é o percentual médio de custo com pessoal em relação à receita.
Os números crescente de receita, entretanto, destacam não apenas a magnitude financeira do futebol, mas também refletem uma mudança cultural e empresarial significativa no esporte nacional, principalmente depois da lei que permitiu a criação das SAF (Sociedade Anônima de Futebol), em 2021.
Historicamente, a maioria dos clubes de futebol no Brasil se estruturou como associação civil, uma organização privada, sem fins lucrativos, formada pela união de sócios, que elegem representantes para Conselhos Deliberativo e Fiscal, além de um presidente. A SAF abriu a possibilidade da venda parcial ou total do futebol para novos proprietários. Podem ser empresários, fundos de investimentos e até a abertura do capital na Bolsa de Valores – opção ainda não tentada por nenhum clube brasileiro, mas comum em outros países. Operam nesse modelo times da Série A do Brasileirão como Atlético-MG, Bahia, Cruzeiro e Vasco da Gama, entre outros.
E não é só o mercado nacional que tem cifras bilionárias. O futebol é um business global de respeito: o mercado mundial do futebol deve faturar cerca de US$ 59 bilhões, de acordo com a Statista, com os campeonatos europeus capitaneando o faturamento. Grandes ligas como a Premier League, La Liga e Bundesliga são cases exemplares, com modelos bem estruturados de direitos televisivos e merchandising, que aumentam constantemente o valor das franquias e clubes envolvidos.
Nos Estados Unidos, por exemplo, a Major League Soccer (MLS) está em expansão acelerada, atraindo estrelas globais (até o Messi, pô) e aumentando exponencialmente os valores das franquias. Os EUA tem um mercado de entretenimento esportivo bastante consolidado, e agora o foco no futebol se deve, principalmente, à população imigrante latino-americana, que tem um apego maior com o esporte.
Já na Europa, o constante aumento nos direitos de transmissão gera receitas bilionárias, garantindo aos clubes recursos financeiros para investir em infraestrutura, marketing global e aquisição de talentos de ponta. Estes fatores contribuem para que equipes europeias continuem dominando o futebol mundial, tanto em termos financeiros quanto esportivos.
Essa supremacia europeia se reflete na Copa do Mundo: das últimas 5 Copa do Mundo, 4 times europeus levaram o caneco – série que só foi quebrada (felizmente ou infelizmente, escolha seu lado) pelos hermanos que levaram a taça da Copa de 2022. E quem ganha a Copa também ganha dinheiro: a Argentina levou US$ 42 milhões – um montante ínfimo, se levar em conta que a Copa de 2022 teve um faturamento de US$ 5,8 bilhões, de acordo com a FIFA.
E é sob esses números que a dupla Xaud e Ancelotti vão atuar: de um lado, o novo presidente da CBF tem o desafio de manter o campeonato competitivo e fortalecido; de outro, Carleto tem o desafio de colocar mais uma estrela no escudo da amarelinha – algo que não acontece desde 2002, quando o Brasil levantou o caneco em Yokohama. E, no meio disso, tem o torcedor, que passa raiva o tempo todo.
Mas, além de passar raiva, o que mais dá pra fazer com o gosto pelo futebol?
Dá pra investir (e, não, não consideramos apostas esportivas investimentos). Se você está se perguntando como entrar nesse jogo, a resposta pode estar nos chamados "investimentos alternativos". É isso mesmo, Condado: não é só de ações e renda fixa que vive o Faria Limer. Hoje, já é possível investir diretamente em clubes de futebol através das SAFs (Sociedades Anônimas do Futebol), onde você pode comprar equity diretamente no ativo esportivo, apostando na valorização a partir de uma gestão profissional – esse caso específico, no geral, é preciso ter bastante bala na agulha porque o aporte inicial é bem alto.
Porém, há alternativas: já há fundos especializados surgindo no mercado brasileiro, focando não só em futebol, mas também em outros esportes, como eSports e esportes individuais como triathlon e tênis. Um exemplo é a Outfield, pioneira na América Latina, que já lançou fundos especializados em investimentos esportivos, incluindo fundos de Venture Capital para startups esportivas e fundos de crédito que compram dívidas de clubes com atletas.
Os investimentos alternativos, portanto, oferecem uma diversificação significativa no portfólio do investidor, permitindo exposição a ativos com potencial de crescimento e valorização que independem diretamente dos ciclos econômicos tradicionais – aquela diversificação de carteira que vai além de comprar várias ações e títulos com prazos diferentes, mas também investir em classes de ativos menos tradicionais.
Outra alternativa são os fundos que antecipam recebíveis, como os provenientes de direitos de transmissão e receitas com sócio-torcedor e bilheteria. Esses fundos operam com um risco controlado graças à previsibilidade de receitas e mecanismos legais robustos, como a CNRD (Câmara Nacional de Resolução de Disputas), que garante maior segurança jurídica aos investidores. Esses mecanismos, como punições esportivas por inadimplência, asseguram que os clubes tenham uma motivação adicional para honrar seus compromissos financeiros.
No fim das contas, esporte pode ser mais que uma paixão: pode ser uma estratégia de diversificação inteligente. Mas, diferente de torcer, investir exige mais que coração e fé: exige cabeça fria e calculadora. Além da possibilidade de ganhos financeiros, investir em esportes também traz uma satisfação adicional: a possibilidade de contribuir diretamente para o crescimento e desenvolvimento do seu clube ou modalidade preferida. Essa combinação de paixão e pragmatismo torna o investimento esportivo especialmente atraente para uma nova geração de investidores que buscam tanto retorno financeiro quanto impacto.
Asset allocation é a distribuição da carteira em diversas classes de ativos (Fonte: Pimco)
Isso porque quando os especialistas falam na importância da diversificação da carteira não é apenas sobre escolher o percentual de alocação em renda variável, títulos e dólar: asset allocation é entender e combinar diferentes classes de ativos que possuem riscos e retornos distintos, como esportes e outros tantos investimentos alternativos, visando reduzir volatilidade e potencializar retornos ao longo do tempo, independentemente das oscilações pontuais do mercado. Inclusive, asset allocation é um baita tema de estudos em finanças. Stay tuned para as próximas edições desta Carta!
Outro Investimento Alternativo
Saiu também agora em maio o relatório da Coindesk reportando os volumes de negociação de criptoativos nas maiores exchanges do mundo. O volume de derivativos cripto aumentou para US$ 5,13 trilhões, a primeira alta em quatro meses, elevando a fatia de derivativos para 74,4% de todo o mercado, o nível mais alto desde outubro de 2023. Ou seja, de cada US$1 negociado em cripto, quase 3/4 já são contratos futuros, opções e similares. É uma configuração parecida com a bolsa tradicional, onde o grosso do movimento está nos derivativos. E quem se beneficia bastante desse fluxo todo é a centenária bolsa de Chicago (CME), figurando hoje entre as maiores plataformas de futuros de Bitcoin e outras criptomoedas, respondendo por quase 4% do interesse aberto em derivativos cripto.
Sim, a mesma CME, fundada em 1898 para negociar manteiga e ovos e que em 1972 lançou os primeiros futuros de moedas agora negocia futuros de BTC, ETH e até SOL aos montes.
Fonte: Coindesk
E para acessar a classe dos criptoativos, a Foxbit é a plataforma mais segura e consolidada do mercado brasileiro: para comprar, vender e gerenciar suas criptomoedas com facilidade, na exchange que já transacionou mais de 30 bilhões de reais em seus 10 anos de atuação. Seja você um investidor experiente ou um novato curioso sobre o potencial das criptos, a Foxbit oferece todos os recursos necessários para você navegar no mundo do Bitcoin e de outros criptoativos. Abra já sua conta na Foxbit.