Vamos aproveitar e contar uma história maluca, cheia de coisas do avesso e um final menos esperado ainda: a história de Lou Pai, o executivo da Enron que, graças a um romance extraconjugal com uma stripper, embolsou milhões de dólares. Explicamos.
A Enron vocês já conhecem: a empresa americana de energia que no início dos anos 2000 era uma das maiores corporações do mundo e, meses depois, foi à bancarrota e pediu falência após fraudes contábeis terem sido descobertas.
Long story short: uma das maiores fraudes corporativas de todos os tempos, em que a empresa tinha registros contábeis todos “tortos”, estimava receitas de uma forma pra lá de otimista, ao mesmo tempo que tirava as dívidas do balanço da empresa e colocava na conta das subsidiárias. Deu ruim, foram descobertos, muita gente foi presa e até uma lei foi criada depois que esse caso ocorreu.
Mas não é sobre a empresa que queremos falar, é sobre Lou Pai: o filho de imigrantes chineses que chegou aos Estados Unidos ainda criança, era conhecido como um gênio da matemática na escola e era o braço direito do chairman da Enron, sendo considerado o “CEO invisível”. Lou fazia por merecer o título: discreto, dedicado, passava longas jornadas no escritório e mandava bem no que fazia. Só que o executivo tinha uma vida dupla secreta. Ou quase.
Lou tinha o hábito de sempre dar um pulinho no clube de striptease perto do escritório. Inclusive, costumava realizar reuniões de negócio (mesmo) por lá – e ainda colocava na conta do escritório os jantares. Pra piorar, fazia o after com as strippers no escritório da Enron, quando elas não acreditavam que aquele homem era um executivo importante de uma empresa mundialmente conhecida.
Tudo muito lindo, tudo muito bem – ao menos para Lou Pai –, até que sua esposa há 20 anos descobriu onde que o executivo fazia as horas extras. A esposa (e mãe dos seus filhos) não só descobriu onde o marido estava o trabalho, como também que o marido teve um affair com uma stripper, que agora estava grávida.
Imediatamente a esposa pediu o divórcio e sua parte nos bens do executivo. O acordo judicial previa a divisão da fortuna de Lou com sua esposa. Para fazer frente aos encargos do divórcio, precisou se desfazer obrigatoriamente de todas as suas ações que ganhara como funcionário da Enron. Isso era em 2001, e as ações da Enron estavam em recorde histórico na casa dos US$ 90, vindo de um rally que tinha começado em 1998 quando era cotada na casa dos US$ 20 por ação.
Entre maio e junho de 2001, Lou vendeu 338.897 ações e exerceu 572.818 opções de ações:um total de 911.715 ações despejadas no mercado aberto. O preço médio que Lou Pai obteve por suas participações entre maio e junho de 2001 foi de US$ 72 por ação. O valor total que Lou Pai ficou depois que cada ação foi vendida? $ 280 milhões.
Lou Pai ainda teve que se desfazer dos imóveis para negociar o divórcio: dentre eles, um rancho no estado do Colorado, que foi vendido a um preço três vezes maior do que tinha sido comprado algum tempo antes. História pra contar pro tio dos terrenos.
Acho que Lou ficou triste em perder metade da fortuna e a família? Nada disso: após o divórcio, casou-se com a stripper e simplesmente foram morar em um rancho no Colorado.
Enquanto isso… Não muito depois de Lou sair de cena, a Enron lentamente começou a entrar em colapso à medida que os investidores começaram a questionar as práticas contábeis da empresa e a ética geral dos negócios da empresa.
A Enron em 2001: do ATH para o ATL
Lembre-se que nós falamos que Lou Pai conseguiu vender toda a sua participação na Enron a um preço médio de $ 72 por ação, em junho de 2001.
Dois meses depois, o preço das ações da Enron caiu para US$ 42. Mais dois meses depois, em outubro, e as ações da Enron caíram para US$ 15. Ali, os principais executivos da empresa já sentiam que o barco ia afundar e passaram a vender suas ações – tudo discretamente, claro. Ao mesmo tempo, esses executivos diziam a seus próprios funcionários e investidores externos que era um ótimo momento para comprar mais ações porque a Enron certamente se recuperaria em breve. Dali foi só ladeira abaixo: em 28 de novembro de 2001, o preço das ações da Enron caiu para US$ 1. Em 2 de dezembro de 2001, a Enron declarou falência.
O resto da história vocês conhecem – e se não conhecem nós demos um spoiler ali em cima: gente perdendo emprego, gente perdendo dinheiro, gente sendo presa, escritório de auditoria contábil renomado desaparecendo, novas regulações de compliance e por aí foi.
E Lou Pai nisso tudo? Não foi comprovada participação direta do executivo nas fraudes e ele se tornou um dos maiores investidores de terra do Colorado junto com sua nova esposa.
Frase da semana
“Tornamo-nos odiados tanto fazendo o bem como fazendo o mal.”
Maquiavel
Economia e Mercado
Essa semana basicamente sacramentou o mês de fevereiro. Após um payroll porrada, tivemos um CPI e um PPI forte, além de um resultado impressionante do varejo americano. A expressão da vez é “no landing”, ou seja, a economia americana não iria pousar. Vai continuar crescendo. Isso vai pressionar o Fed que vai ter que abrir a caixa de ferramentas mais uma vez em março e dar aquela assustada no mercado. Ainda estamos no pesadelo de 2022, então apertem os cintos.
Já no lado da China não há nada de novo. A reabertura está acontecendo, a mobilidade está melhorando e o chines está voltando a viajar. Mas não dá para dizer muito mais que isso. Não sabemos se irão consumir o massivo volume de poupança acumulado durante a pandemia, o que deixa a possibilidade de surpresas ao longo desse ano. A brincadeira está só começando.
E no Brasil? bom, já temos uma nova meta de inflação, só não foi formalizada pelo CMN essa semana, mas sabemos que já aconteceu. Para as expectativas já aconteceu e não tem mais volta. É o que é. Agora precisamos saber um pouco mais da agenda fiscal, que foi pincelada no início do ano mas, na prática, ainda há muito mais dúvidas que certeza. Não é exatamente o melhor ambiente para tomar risco, então continue no sapatinho, resista a pressão dos seu assessor, pois ele está precisando de ROA e gerar resultado, e continue num plano simples. Tempos complexos demandam simplicidade nos portfólios. E o juro está pagando para você esperar.
Obrigado pelas dicas! Trair a esposa e vender as posições compradas da empresa que trabalho não parece mais uma opção tão ruim...