Make America Wealthy Again - Condado View
Legenda: Esta é a sua carta semanal para atualizar o cenário de mercado. O objetivo é que você pelo menos fique um pouco mais informado ou tenha o que comentar na mesa do almoço.
Todo mundo quer deixar um legado, o Trump por exemplo nomeou o dia que impõe agressivas tarifas aos seus parceiros comerciais como “liberation day”. Entre as medidas, destaca-se a tarifa básica de 10% sobre todas as importações, criando uma base uniforme para produtos estrangeiros. Além disso, foram aplicadas tarifas específicas a países considerados “infratores”, como 34% para produtos da China, 20% sobre a União Europeia, 32% para Japão e Taiwan, e 26% sobre a Índia — num claro recado geopolítico. É guerra tarifária!
Numa tentativa de fortalecer a produção doméstica. O movimento marca uma guinada protecionista explícita e já acende alertas sobre possíveis retaliações comerciais, pressão inflacionária e impacto negativo no PIB.
A indústria automotiva também foi alvo, com uma tarifa de 25% sobre veículos importados. E aqui podemos adicionar mais uma página ao clássico: o mercado é uma máquina de moer expectativas ingênuas. Era de se esperar que as montadoras estrangeiras sofressem - e de fato, Toyota, Honda e Kia sentiram o baque. Mas nem as americanas escaparam: GM e Ford também sofreram. Agora, o que ninguém esperava era o salto das locadoras, Avis e Hertz subiram 20% e 23%, respectivamente, na quinta-feira (27) quando Trump já tinha anunciado que viria tarifa por aí.
E olha que nem dá pra reclamar demais se suas reservas financeiras estão prioritariamente alocadas em investimentos tupiniquins. O efeito “liberation day” veio junto com um dólar fraco, sentimento de desaquecimento global e nem fomos tão afetados quanto outros países.
Você pode ter um cheiro de como o mercado reagiu aos dados de inflação medido pelo PCE pela queda do S&P500 no dia dia divulgação (28). A queda no índice foi de quase 2% e olha que todo mundo já estava meio que esperando por um PCE mais elevado já que o CPI, outro indicador de inflação, já tinha mostrado alguns componentes que também estão no PCE, mais altos. Pois bem, o indicador preferido de inflação do FED conseguiu superar até essa expectativa, com o maior aumento mensal desde janeiro de 2024. Nos últimos 12 meses o núcleo sobe 2,8% (sendo 0,4% em relação ao mês anterior).
Você concordando ou não, o movimento que estamos vendo no ouro sugere uma fuga para proteção. A instabilidade econômica e política dos EUA até justifica o movimento. Podemos acreditar no Trump quando ele diz que vai enfraquecer o dólar - isso descarta o dólar - e se a inflação alta for realmente persistente ficar, o ouro se torna muito mais atraente do as Treasuries.
A palavra feia estagflação está sendo usada mais do que gostaríamos e esse dado acaba dando mais peso para ela. Outro sinal ruim que chamou atenção essa semana foi a taxa de poupança pessoal, quanto mais você poupa, menos você gasta, o que não contribui nem para o PIB nem para o Lucro por Ação das empresas. A taxa de poupança pessoal aumentou pelo segundo mês consecutivo para 4,6%. Pra completar, os dados de mercado de trabalho e da indústria americana ficaram muito abaixo das expectativas.
É verdade que o consumo aumentou, mas ainda assim foi menos do que os analistas esperavam, além disso se colocarmos uma lupa vemos que o aumento se concentra nos bens duráveis, o que pode ser uma antecipação das até então temidas tarifas.
Os ricos são o motor do consumo americano. O top 10 na distribuição de renda americana foram responsáveis por metade do consumo do ano de 2024. Isso veio aumentado desde o pós pandemia porque eles viram o valor do que possuíam (casas, ações) aumentando em relação ao que deviam. A pesquisa de sentimento do consumidor da Universidade de Michigan mostrou a confiança do consumidor caindo mais rápido no terço superior dos assalariados, inclusive.
No quarto trimestre, 10% das famílias mais ricas nos EUA tinham 87% das ações. Desde a eleição do Trump esses 10% mais ricos viram preciosos US$ 2,7 trilhões serem eliminados, enquanto os outros 90% perderam US$ 656 bilhões. Isso não necessariamente quer dizer que os mais ricos vão deixar de gastar, vide 2001 e 2002, período em que o S&P 500 tiveram recuos expressivos, e mesmo assim continuaram gastando. Mas dá para ficar desconfiado, né?
Me diga aí nos comentários se você acha que essa combinação de PCE alto, dados de emprego fracos, menos gastos e mais poupança tem carinha de estagflação? Ou se é mais uma preocupação que o mercado se apega só para virar espuma depois?
Dados de Mercado
Data-base: 02 de abril de 2025
Fonte: Yahoo! Finance
Frase do dia
“Muitos são obstinados na busca do caminho que escolheram, poucos na busca do objetivo.” - Friedrich Nietzsche
Curiosidade da semana
Você tem cerca de 50% de chance de compartilhar o aniversário com um amigo - pelo menos em grupos de 23 pessoas. Segundo a matemática, em qualquer grupo de 23 indivíduos, a probabilidade de que duas pessoas compartilhem a mesma data de nascimento é de aproximadamente 50,7%. Isso porque, para calcular a chance de todos terem aniversários diferentes, multiplica-se as 23 probabilidades sucessivas, o que resulta em 0,493. Assim, a chance de haver ao menos uma coincidência de aniversário é 1 - 0,493 = 0,507, ou 50,7%. Esse fenômeno é conhecido como o “Paradoxo do Aniversário”.