Mercado externo com cara de ‘não é bem assim’ - Condado View
Legenda: Esta é a sua carta semanal para atualizar o cenário de mercado. O objetivo é que você pelo menos fique um pouco mais informado ou tenha o que comentar na mesa do almoço.
Brasil - 10bps na curva de juros é o novo normal
Desde que o Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central brasileiro, jogou a bomba de que não necessariamente o próximo corte na taxa de juros seria de 0,5 ponto, o mercado vinha tentando adivinhar o que ia rolar. E como prever o futuro não está no top 5 habilidades do nosso sócio maníaco-depressivo, quem dança é a curva de juros.
Pois bem, a decisão do Copom desta quarta-feira (08) foi reduzir o ritmo de cortes na taxa de juros para 0,25 bps, deixando a taxa Selic em 10,5% a.a. Para o Banco Central, o horizonte relevante sobre as estimativas do IPCA é 2025, e o bom e velho termômetro de como o Copom está enxergando as nuances econômicas é o boletim Focus. A estimativa do IPCA para 2025 voltou a piorar, saindo de 3,6% para 3,64% - o boletim Focus, que deveria sair sempre na segunda e já soou como um banho de água fria.
Fonte: focus
Na quinta-feira (09), a bolsa brasileira abriu em queda após a decisão do Copom, com uma votação apertada de 5 a 4. Os indicados pelo governo atual defenderam um corte maior, de 0,5 bps, apesar das expectativas de inflação ainda elevadas. Esse cenário sugere que o futuro presidente do Banco Central pode adotar uma postura menos conservadora - todo mundo sabe que o Brasil é o país dos juros baixos.
Mas, os juros mais baixos não são benéficos para a bolsa? Em teoria, são, os juros mais baixos tendem a favorecer o mercado de ações no curto prazo. No entanto, se a inflação não recuar, a curva de juros pode se inclinar, resultando em elevação dos juros no médio prazo e impactos negativos na bolsa. O dólar também mostrou volatilidade, atingindo R$5,15.
O Rio Grande do Sul está enfrentando uma crise ambiental de proporções não vistas há décadas, e ainda existem aqueles que negam o impacto devastador das atividades humanas no equilíbrio natural do planeta - será que são os mesmos que teorizam sobre a terra ser plana? O ser humano deveria ter uma cota máxima negacionismos, mas o pessoal parece que gosta de jogar bingo.
Esse desastre, profundamente lamentável, está causando muitas dificuldades para as famílias afetadas e economicamente, provoca um choque de oferta, o que impacta negativamente o PIB e eleva a inflação inicialmente. No entanto, com a implementação de políticas econômicas adequadas, esses efeitos podem ser mitigados. O presidente Lula assinou um pedido para decretar estado de calamidade pública. Só de decidirem encaminhar uma Medida Provisória (MP) ao invés de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), já estamos no lucro. Explico: PEC é sinônimo de black box, o que abriria margem para gastos que poderiam ir além do socorro efetivo ao estado que passa por dificuldades.
Além das indicações do relatório Focus, que já antecipavam um possível corte menor na taxa Selic na segunda (06), a preocupação com a situação fiscal, exacerbada pelos recentes eventos no Sul do país, impediu que o mercado interno compartilhasse do mesmo otimismo que vimos na terra do Tio Sam.
EUA - Viva o desemprego!
Finalmente, o relatório Payroll decidiu não seguir o roteiro dos especialistas com um valor abaixo das expectativas. Na última sexta-feira (03), tivemos a esperada notícia que em abril foram criadas apenas 175 mil vagas de emprego, contra as previsões de 243 mil vagas - esperamos que não revisem para cima.
A taxa de desemprego para o mês de abril ainda ficou em 3,9%, acima do mês anterior (3,8%) e acima das expectativas para o mês também. Mas parece que o mercado estava tão ansioso por qualquer sinal de desaceleração no mercado de trabalho que bastou um payroll "menor do que o esperado" para desencadear um rali nas bolsas de valores. Palavras doces são sempre mais fáceis de ouvir.
E não para por aí, a clássica tomada de risco também fez os juros das Treasuries de 10 anos recuarem pela quinta sessão consecutiva na terça-feira (07). Finalmente, parece que tudo que o mercado precisava era de um FED mais ameno e um pouquinho menos de demanda na economia. Não foi tão difícil, viu?
Mais uma das 7 magníficas divulgou os seus resultados do primeiro trimestre essa semana, e desta vez foi a Apple, aquela que faz o relógio capaz de medir seus batimentos cardíacos enquanto você realiza seus exercícios de alta performance - leia-se: correr para não perder o ônibus.
As receitas da Apple atingiram US$90,75 bilhões e o lucro por ação foi de US$1,53. No entanto, e sempre há um "no entanto", a empresa ainda registrou uma queda de 4,3% nas receitas líquidas em comparação ao ano passado. Na China, que aparentemente decidiu não desapontar tanto assim este ano, a demanda se mostrou mais resiliente do que o esperado, caindo "apenas" 8,1%, o que é praticamente uma vitória, considerando que as expectativas eram de uma queda de 10,9%. Como o bicho não era tão feio as ações subiram 5,9% na sexta-feira (03), após a divulgação dos resultados.
Frase do dia
"Eu não falhei. Eu apenas encontrei 10.000 maneiras que não funcionam." - O gestor do seu fundo de investimento parafraseando Thomas Edison.
Curiosidade da Semana
Uma nuvem pesa cerca de um milhão de toneladas. Uma nuvem tipicamente tem um volume de cerca de 1 km³ e uma densidade de aproximadamente 1,003 kg por m³ – essa é uma densidade que é cerca de 0,4 por cento menor do que o ar ao seu redor (é assim que elas conseguem flutuar).