Brasil - Gostosuras ou "não precisa ser zero"?
As sucessivas quedas na arrecadação federal no segundo semestre deste ano, ao contrário do bem-sucedido primeiro semestre, já começava a criar um gosto amargo na boca dos agentes políticos.
Em termos reais, se compararmos ao mesmo mês de 2022, as quedas foram de 13,73% em junho, 4,2% em julho, 4,14% em agosto e 0,34% em setembro.
Olhando esse cenário não precisou de muito mais para o presidente Lula vir a público e dar a sua declaração acalentadora de que a meta do déficit fiscal "não precisa ser zero". Não dá para dizer que essa declaração é totalmente surpresa, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, já tinha dado indícios de descumprimento do novo arcabouço quando declarou que a meta zero era o objetivo, mas o resultado poderia ser diferente, o famoso é proibido, mas se quiser, pode..
Já ficou claro que não existe o compromisso em cumprir o novo arcabouço fiscal, que de novo não tem nada. Agora, a pergunta que fica é se a V2 do novo arcabouço visa apenas acomodar as frustrações nas receitas, ou se existe de fato, um compromisso de conter o aumento das despesas também.
Alguém estava sentindo falta de declarações políticas fazendo preço no Brasil? No fechamento de sexta-feira, após o anúncio, a bolsa teve queda de 1,29%, entregando quase todo o resultado da semana fechando em 0,1%.
Já a quarta-feira foi super animada, com a divulgação das taxas básicas de juros do Brasil e EUA. O Fed solta a sua decisão no meio do dia, e não precisou de muito mais que um tom cauteloso para que os investidores em terras tupiniquins despejassem seu otimismo e o Ibovespa fechasse na sua máxima do dia com alta de 1,69%.
O Copom divulgou a sua decisão sobre a taxa Selic, após o fechamento do mercado e quinta não tem pregão por causa do feriado, ou seja, os reflexos só vêm na sexta. O comitê manteu… o tamanho do corte, seguindo com a sinalização e expectativa do mercado e reduziu 0,5 ponto percentual da taxa básica de juros.
Ao passo que revisa as perspectivas de inflação para 2024 de 3,5% para 3,6%, ainda acima da meta de 3%, dando indícios que a Selic pode ficar acima de 9,25%.
EUA - Halloween já passou?
O discurso de "taxas mais altas por mais tempo" já é conhecido e o Fed fez questão de enfatizá-lo.
O FOMC (comitê de política monetária do Federal Reserve) decidiu pela manutenção da taxa de juros em 5%-5,25%. Estão equilibrando os pratos, entre o cuidado para não exagerar na desaceleração excessiva da economia e a preocupação com a repeteco da aceleração da inflação muito acima do nível de 2%.
A grande questão para o Fed concentra-se em 3 forças principais.
A primeira é a atividade econômica. Os empregadores expandiram suas folhas de pagamento e as pessoas aumentaram seu consumo.
A segunda é que vemos uma melhora na inflação. Olhando o núcleo que exclui os preços voláteis de alimentos e energia teve seu pico em 5,6% no ano passado e, durante o período de abril a setembro, atingiu uma taxa anualizada de 2,8% de acordo com o Departamento de Comércio.
A terceira é que a escalada nos rendimentos das Treasuries, por si só, tornam mais restritivas as condições financeiras, ou seja, elevam-se os custos dos empréstimos tanto para empresas quanto para famílias. Um exemplo prático desse freio "natural" é a hipoteca de taxa fixa de 30 anos oscilando perto dos 8% nas últimas semanas, sua máxima nos últimos 23 anos.
O ponto curioso é que a inflação diminuiu à medida que o crescimento se fortaleceu. A explicação mais plausível atualmente é que a economia se beneficiou de um cenário de melhoria nas condições de oferta (menos gargalos na oferta de bens, transportes e trabalhadores). Powell, presidente do Federal Reserve, sinalizou que o caminho de arrefecimento da inflação concomitante ao crescimento não é necessariamente um problema. Quanto mais essa dinâmica se verificar, mais provável estarmos experimentando a tão sonhada economia Goldilocks.
Contudo, o tom cauteloso do comunicado do Powell deixa a porta aberta para outro aumento se necessário.
Faixa de Gaza - Bomba de pavio curto?
Muitos olhos voltados para o conflito na faixa de Gaza, que na última semana tem os seus contornos tomando formas sombrias. O principal desafio é conter uma guerra generalizada no Oriente Médio que puxe Irã, EUA e Arábia Saudita para o conflito armado.
Mas por que as tensões aumentaram essa semana? Os EUA bombardearam milícias apoiadas pelo Irã na Síria no fim de semana e qualquer faísca mal explicada pode acender o pavio dessa bomba.
Ebrahim Raisi, presidente do Irã, já mandou o recado que está perto do seu limite.
O preço do petróleo oscila desde o início do conflito em meio às incertezas, mas fazer preço mesmo só se a oferta for fortemente impactada.
Uma commodity que pouco reluz em condições normais de temperatura e pressão e que agora está surgindo nas rodas de conversas do mercado é o ouro, que apresentou alta de quase 7% no mês de outubro.
Frase do dia
"Não tente ser uma pessoa de sucesso. Em vez disso, seja uma pessoa de valor".
Albert Einstein
Curiosidade da semana
A Antártida é tão ou mais seca que os desertos quentes. Embora muitas pessoas associam a Antártida ao frio e ao gelo, ela é, na verdade, um deserto. A quantidade de precipitação na forma de chuva ou neve na Antártida é extremamente baixa, porque como as temperaturas muito baixas, não há evaporação ou formação de nuvens.
Não manteu? Kkkk ai é foda jornalista matou o português