Novembro já deixou saudades - CondadoView
Brasil - Hoje ninguém vai tributar meu dia
Parece que o Ibovespa decidiu adotar a filosofia "nada me abala". Mesmo com o feriado de ações de graças nos EUA (menor liquidez) e o aumento das estimativas de déficit primário (passou de 1,3% para 1,7% do PIB) a bolsa local continua em lua de mel. Na quinta-feira o índice voltou a patamares de julho de 2021, fechando em 126.576 mil pontos. Na sexta entregou um pouquinho dos ganhos, fechando abaixo dos 126 mil pontos, mas quem liga? Ibov está em festa há cinco semanas seguidas, boas festas!
Os dados divulgados pela B3, até, dia 21 deste mês, mostraram que os gringos também querem um pedaço desse bolo. Com a queda nos juros longos nos EUA o apetite por risco global aumentou. Os aportes líquidos de investidores estrangeiros registraram R$13,04 bilhões (até que provem o contrário, vale frisar) em ações em circulação, esse volume é superior a qualquer outro mês neste ano.
Não são só os nossos amigos do Vale do Silício que estão jogando o jogo dos tronos. O presidente do Bradesco Octavio de Lazari Jr foi substituído por Marcelo Noronha como novo presidente do Banco. Os investidores gostaram da movimentação, o que refletiu um aumento de quase 3% nos papéis da empresa na quinta-feira. Essa movimentação ajudou o Ibov a manter sua festinha. Mas nada supera a disputa pelas cadeiras da nas agências do Bradesco após os correntistas relatarem saldo negativo nas contas, e dessa vez a culpa não foi da Black Friday.
Já entendemos que o mercado de renda variável resolveu focar nos pontos positivos e pronto, principalmente de arrefecimento da inflação nos EUA e local. O IPCA 15 de novembro veio em 0,33%, acima das expectativas de 0,29%, mas isso não foi motivo para abalar os mercados que decidiram dar atenção a outra prévia: o FOCUS dessa segunda-feira corrobora a ideia de inflação mais baixa.
Notícia positiva em relação à arrecadação de outubro. O resultado é de R$215 bi, indicando estabilidade na comparação com o mesmo período do ano anterior. E ainda foi o melhor resultado da série histórica desde 1995, e também foi o melhor resultado depois de 4 meses seguidos de queda. A recuperação econômica deu uma força nessa.
O atual governo já deixou mais do que claro que para se aproximar do déficit zero no ano que vem o caminho vai ser aumentar arrecadação - não ouvi nada sobre cortes de gastos, você ouviu? O último mês do ano está logo ali e ele vem junto com o amado recesso parlamentar. A votação da taxação dos fundos exclusivos e offshores pelo Senado já deixou muita gente em polvorosa, mas será que as pautas de desoneração da folha de pagamento, reforma tributária e medida provisória da subvenção vão ficar para o ano que vem?
Nada mais permanente do que um programa temporário do governo. No governo Dilma, lá em 2011, foi instituído um projeto que estendia a desoneração da folha de pagamento dos 17 setores que mais empregam no Brasil - temporariamente, claro. Em dezembro de 2023 o presidente Lula vetou o projeto. Pouco lobby dos setores que mais empregam no Brasil, né? Agora vai?
A mão amiga do STF: O supremo autorizou que o governo quite R$95 bilhões em precatórios por meio de gastos extraordinários. Tá, mas isso não sufoca mais as contas públicas? Sim, mas a autorização foi concedida para esse ano, o que libera certo espaço no orçamento do ano que vem. Além disso, os créditos extraordinários não entram no arcabouço fiscal.
EUA - virando a página?
O livro bege do FED sinaliza que os juros nos EUA atingiram seu ápice, com expectativas de cortes já em março de 2024. A economia americana está em uma fase de desaceleração, movendo-se de um sprint para uma caminhada enérgica. A inflação, anteriormente uma força indomável, agora mostra sinais de moderação. No mercado de trabalho a voracidade por contratações diminuiu, indicando uma mudança no apetite por mão de obra. Esse cenário como um todo ajuda a explicar o aumento do apetite ao risco global.
Charlie Munger - o abominável ninguém
Essa semana o mundo dos investimentos se despediu de Charlie Munger, uma lenda inquestionável e uma figura emblemática na história da Berkshire Hathaway. Ele foi muito mais do que um mero vice-presidente ao lado do notório Warren Buffett. Munger, com sua mente afiada e sua habilidade única de ver além do óbvio, deixou uma marca indelével no mundo financeiro.
Um dos momentos que capturam perfeitamente o espírito direto e incisivo de Munger ocorreu na reunião anual da Berkshire em 2000. Naquela ocasião, um acionista perguntou como a especulação nas ações da Internet afetaria a economia. Enquanto Buffett respondeu com uma análise detalhada de quase 550 palavras, Munger, sempre direto, resumiu sua visão de uma maneira que só ele poderia: 'Se você misturar passas com cocô, elas ainda são cocô'. Essa resposta não só provocou risos, mas também refletiu a filosofia de investimento da Berkshire Hathaway - a importância de discernir valor real em meio à euforia do mercado.
Frase do dia
"O mercado de ações é um dispositivo para transferir dinheiro do impaciente para o paciente." - Benjamin Graham
Curiosidade da semana
A primeira patente para um código de barras foi concedida em 1952 a Joseph Woodland e Bernard Silver, apresentando um padrão de circunferências concêntricas ( anéis circulares que se expandem a partir de um ponto central). Na década de 1970, a IBM, sob a liderança de George J. Laurer, desenvolveu o Código Universal de Produto (UPC), uma sequência numérica de 12 dígitos traduzida em barras. Este formato foi formalmente adotado em 1973 nos Estados Unidos e no Canadá, revolucionando o sistema de identificação e rastreamento de produtos no comércio