O anúncio veio! - Condado View
Brasil - Ainda é surpresa inflacionária?
Quem espera sempre alcança! Seu querido Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, finalmente fez o tão aguardado anúncio - viva.
Em pronunciamento, ele anunciou a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil a partir de 2026. Ah, mas não era esse anúncio que você estava esperando?
Pois bem, esse que você aguardava com mais afinco também chegou! O tão aguardado pacote de corte de gastos, anunciado com a pompa de quem promete resolver todos os problemas do Brasil em suaves prestações. Segundo a equipe econômica, teremos uma economia de R$ 11,1 bilhões em 2025 e, em cinco anos, a cifra mágica de R$ 327 bilhões. Eu não sei exatamente o que você achou, mas o mercado olhou para o discurso, riu de canto, e mandou o dólar direto para a casa dos R$ 6, a maior cotação nominal de fechamento desde 1994, logo depois do anúncio.
O mau-humor no mercado não é exclusividade de hoje. Na quarta-feira (27) o Ibovespa já caia -1,7%, os juros futuros dispararam e as Bs confortavelmente acima dos 6,5% tiveram forte relação com o anúncio de isenção de IR.
Por enquanto, arrecadação federal não é motivo de insônia. Em outubro, somou R$ 247,9 bilhões, um recorde para o mês. O resultado foi positivamente influenciado pelos tributos, pela atividade econômica, pelo Pis-Cofins dos combustíveis e, num futuro não tão distante, será influenciado pela inflação também.
Lá fora, no dia 25, surgiram boatos sobre o Hezbollah e Israel estarem próximos de um cessar-fogo. Esse alívio na percepção de risco derrubou o petróleo em 3%. Para completar, o ministro de Energia do Azerbaijão deixou no ar que a OPEP pode ajustar cortes de produção na reunião de domingo. O mercado de petróleo vive de drama, e dessa vez não foi diferente.
Falando em drama, o Ibovespa também não deu motivos para festa na mesma segunda-feira (25), fechando em -0,07%. Pode até colocar a culpa no samba desafinado do nosso fiscal, mas a verdade é que o cenário global não anda ajudando os emergentes também.
Nos indicadores, o IPCA-15 de novembro veio mais salgado do que o esperado, registrando alta de 0,62%. Apesar do susto, os núcleos de inflação mostraram certo controle. O grande vilão foi o preço das passagens aéreas, que disparou quase 23%, concentrando a maior parte da surpresa. Surpresa inflacionária nunca é uma boa notícia.
EUA - Pobre México. Tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos
Quando falei que o cenário global não ajuda os emergentes, Trump entregou um exemplo didático: tarifas adicionais de 10% sobre produtos chineses e de 25% sobre tudo vindo de México e Canadá. A medida busca combater o tráfico de drogas, conter a imigração ilegal e forçar parceiros comerciais a aceitar termos mais vantajosos para os EUA. O resultado é um menor crescimento global, inflação pressionada, juros mais altos nos Estados Unidos e um dólar ainda mais forte. Um golpe certeiro para as economias emergentes.
Nas bolsas, a escalada protecionista de Trump foi lida como um estímulo à indústria local, o que ajudou o Dow Jones a renovar seus recordes. Vale destacar que o Dow Jones nem sempre lidera entre os índices mais valorizados, mas agora entra nesse seleto grupo, já que as pequenas e médias empresas tendem a se beneficiar mais de cortes de impostos e desregulamentação. É o caso também do Russell 2000, índice de referência para empresas de menor capitalização, que mostra um desempenho histórico alinhado a esse cenário.
Fonte: Google Finance
Nos indicadores, o PCE, que mede a inflação do consumo, subiu 0,3% em outubro, como esperado. Porém, a inflação de serviços essenciais, excluindo habitação — o principal termômetro do setor —, acelerou pelo segundo mês consecutivo.
A segunda leitura do PIB do terceiro trimestre mostrou alta de 2,8% em termos anualizados, puxada pelo forte desempenho dos gastos dos consumidores, que aumentaram 3,5%, marcando o maior crescimento deste ano. Outro dado positivo veio da renda, que em outubro subiu 0,6%, superando em dobro as projeções do mercado.
Esses números deixam o FED em alerta. Renda em alta, consumo aquecido e repique na inflação subjacente apontam para mais cautela na redução de juros. Embora o mercado ainda aposte em um corte em dezembro, já começa a precificar um tom mais conservador para 2024. Tudo isso sem esquecer o fator Trump, que adiciona mais lenha na fogueira.
Fonte: CME
E não dá para ignorar a Nvidia, a queridinha do mercado e empresa mais valiosa do mundo. Após divulgar sua menor projeção de crescimento de receita em sete trimestres, as ações estão claramente passando calor.
Fonte: Google Finance
Dados de Mercado
Data-base: 27 de novembro de 2024
Fonte: Yahoo! Finance
Frase do dia
Os melhores argumentos do mundo não mudarão a mente de uma única pessoa. A única coisa que pode fazer isso é uma boa história.” - Richard Powers
Curiosidade da semana
Suas unhas crescem mais rápido no verão quente . Isso provavelmente se deve ao aumento do suprimento de sangue para as pontas dos dedos.