Senhoras e senhores, preparem seus tênis de placa de carbono e seus melhores shorts de compressão, porque se tem uma coisa que explodiu mais rápido do que a Selic nos últimos anos, foi a febre das corridas de rua. E não estamos falando daquela corridinha casual na esteira da Bodytech enquanto responde e-mails do chefe logo cedo. Estamos falando de largada às 5h da manhã, suplemento de beta-alanina no bolso e um Garmin monitorando cada batida do seu BPM como se sua vida dependesse disso.
Se antes o networking da Faria Lima se fazia no happy hour do Espírito Santo, agora ele acontece entre tiros de 400m no Ibira. Quer ser promovido? Melhor baixar seu pace para 4’30”. Mas não baixe muito para sua performance não ficar melhor que a do seu chefe no Strava.
E mais, se você ainda estava na dúvida, aqui vai um fato incontestável: o beach tennis morreu. O modelo de socialização do “sabadão na areia seguido de sunset regado a gin tônica” já não é mais o hype. Agora, se você quiser fazer networking, esqueça a raquete de beach, compre seu tênis de corrida e o Garmin mais moderno que tiver e venha suar a camisa no Ibira cedinho. Se a gente olhasse para o crescimento das corridas de rua como olhamos para o Ibovespa, a recomendação seria strong buy.
E temos dados para decretar a morte do beach e o reinado da corrida: segundo os dados apresentados pelo relatório “Por Dentro do Corre”, realizado pela agência Box1824 em parceria com a Olympikus, 13 milhões de brasileiros praticam corrida – só para ter uma ideia: existem mais corredores brasileiros do que suecos no mundo. Em termos de praticantes, é um número parecido com o número de praticantes de futebol. O estudo “Por dentro do Corre” está disponível gratuitamente no site da Olympikus, em formato de e-book.
A porta de entrada pro “vício” da corrida parece ser o cardio, sendo que 83% dos corredores entrevistados colocam que correm para cuidar da saúde física e mental e, o mais interessante, é que 65% dos entrevistados consomem conteúdo sobre corrida nas redes sociais – será que isso explica o fato que 75% dos corredores começaram a correr entre 2021 e 2022 (período que muitos ainda estavam de lockdown parcial e consumindo rede social loucamente)?
Um dado interessante é que 36% dos corredores são da classe C (ante, 49% da classe B e 15% da classe A). Provavelmente pelos baixos custos para iniciar o esporte – o que não quer dizer, porém, que dá pra ser um esporte bem caro (coisa que Faria Limer sabe fazer muito bem): já viu quanto custa um tênis de corrida com placa de carbono?
Enquanto a participação masculina segue dominante (58% dos corredores), a entrada feminina está crescendo a um ritmo muito mais acelerado (56% das corredores iniciaram a atividade apenas em 2023). O que isso significa? Que o Faria Lima Run Club está cada vez mais diversificado. Se antes o dress code era terno slim fit e sapatênis discreto, agora é regata Dry Fit e Vaporfly Next%.
Você já deve ter visto uma foto assim na sua timeline
A valorização das provas também está fazendo o mercado de vestuário para corrida explodir. Você achava que startup de IA estava em alta? Experimenta abrir uma loja de artigos de corrida pra ver. No meio dessa ascensão do running como novo happy hour da elite corporativa, uma nova tendência está ganhando força: as meias azuis. O conceito? Simples: se está de meia azul, está disponível. (Não basta estar encalhado, precisa sinalizar que está encalhado..!)
O fenômeno começou de forma sutil nas provas mais descoladas, mas agora já virou uma espécie de código não verbal para os atletas que querem um amor para chamar de seu e combinar o pace no Strava. A lógica por trás do movimento é clara: se as corridas já viraram a nova balada para a galera fit da Faria Lima, por que não transformar isso em um campo de flerte? E sejamos sinceros: existe sinal de compatibilidade maior do que encontrar alguém que acorda às 4h30 da manhã para rodar 10km antes de bater o ponto no BTG? Não por acaso, 77% dos entrevistados no estudo concordam que a “corrida é mais que um esporte, é um estilo de vida”.
Nos últimos meses, os relatos de casais formados entre tiros de 1000m só crescem. O sucesso das meias azuis foi tanto que até alguns organizadores de provas começaram a incentivar a brincadeira, oferecendo kits de corrida com diferentes cores para os comprometidos, solteiros e os que estão “correndo para ver no que dá”.
Se o Tinder já virou um IPO com valuation duvidoso, talvez o caminho do coração esteja mesmo nos grupos de domingo. Fica a dica: na próxima corrida, olhe para os tornozelos. O bull market do amor pode estar a um pace de distância.
Se você ainda está relutante em entrar na onda do running, aqui vai um recado: a bolha ainda não estourou. Muito pelo contrário. O mercado continua aquecido, e o networking esportivo está mais valorizado do que nunca. Se no passado você se esforçava para aprender golfe para se enturmar com os C-levels, agora é hora de baixar um app de corrida e começar a suar a camisa.
Lembre-se: Faria Lima não perdoa quem fica para trás. O sucesso agora se mede em RP de meia maratona. Bons treinos e até a próxima corrida.
Meu beach tennis está vivíssimo, e se tem uma coisa que eu acho que NUNCA vai me pegar é a corrida. Nesse post conto um pouco sobre a minha relação com esportes, treinos, corpo, e vida saudável.
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Vestindo o colete de especialista em corrida