O planeta Terra encerrou a semana com mais uma jovem bilionária: a cantora americana Taylor Swift. Depois de parar até no relatório do Banco Central americano, a Bloomberg calculou a receita da cantora com shows e streamings e seus bens e bateu o martelo: US$1,1 bilhão é o valor do patrimônio líquido da moça nascida na Pensilvânia, que começou a carreira há cerca de duas décadas no country music e agora domina as paradas musicais do pop do mundo todo.
Mas essa newsletter não é sobre música pop, é sobre investimentos. Até o final dessas linhas, vamos te convencer a olhar com outros olhos o mundo da música.
Números Impressionantes e História de Resiliência
Os números da última turnê da cantora impressionam: além do lançamento de um filme, que conseguiu gerar mais de US$ 100 milhões em vendas antecipadas de ingressos em todo o mundo, seus shows devem gerar cerca de US$ 2,2 bilhões em vendas de ingressos para suas apresentações na América do Norte, que começaram em março desse ano e irão até novembro do ano que vem. Durante toda a etapa de sua turnê nos EUA, Taylor Swift arrecadou cerca de US$ 13 milhões em vendas de ingressos por noite, atraindo uma média de 72 mil espectadores por show.
Um número que chamou atenção até do Banco Central americano: o Federal Reserve Bank da Filadélfia disse que, em meio ao ligeiro crescimento da indústria do turismo no PIB americano, uma área importante teve um aumento significativo: as receitas hoteleiras. E não, não é uma “falha”: os técnicos citaram o afluxo de turistas para os shows de Taylor Swift na cidade como fator de crescimento, considerando-o o mês mais forte para receitas hoteleiras na Filadélfia desde o início da pandemia de COVID-19. Os fãs da cantora viajam só para vê-la, e nessa história, acabam gastando em ingressos, hotéis, restaurantes, e muito mais.
Ser citada pelo banco central americano como responsável pelo aumento da atividade econômica de várias cidades já impressiona, mas a cantora fez mais.
Swift não é a primeira celebridade a se tornar bilionária. Na verdade, é a 15ª celebridade no ranking da Forbes a ganhar o apelido de “bilionária” e a nona a fazê-lo nos últimos três anos. Mas a origem do bilhão da moça difere significativamente dos demais. Enquanto
Kylie Jenner, a bilionária self-made mais jovem da história, deriva grande parte da sua riqueza de sua linha de cosméticos;
Rihanna, outra cantora do pop mundial, tem grande parte de sua fortuna atrelada à sua linha de maquiagem (é, parece que esse negócio de maquiagem dá dinheiro mesmo) e de lingerie;
George Lucas, criador da franquia "Star Wars" e fundador da Lucasfilm, ganhou grande parte de sua fortuna com a venda da Lucasfilm à Disney, bem como com as inúmeras adaptações e produtos relacionados a "Star Wars".
a riqueza de Swift deriva quase que exclusivamente dos seus ganhos com venda de ingressos. Do US1,1 bilhão estimado que a cantora possui, cerca de US$ 500 milhões são baseados apenas no valor crescente de seu catálogo de música.
E se os números e a composição dos valores já impressiona, adicione a isso mais uma informação: a moça teve quase que recomeçar do zero depois de romper com seu antigo empresário, Scott Braun, e perder o direito autoral de suas próprias músicas.
Taylor Swift e Scott Braun se conheceram quando Braun adquiriu a Big Machine Label Group, a gravadora de Taylor, em 2019. Braun havia adquirido os direitos do catálogo de música anterior de Taylor, incluindo seus primeiros seis álbuns. Braun desempenhou um papel importante na carreira inicial de Taylor Swift, mas a tensão surgiu quando Swift expressou sua insatisfação com a aquisição de seus direitos autorais e sua incapacidade de comprar de volta suas próprias músicas. A disputa tornou-se pública em meados de 2019, com Taylor Swift acusando Braun de bullying e controle injusto. Eventualmente, a disputa foi resolvida quando Taylor anunciou que regravaria seus primeiros álbuns, recuperando assim o controle sobre suas músicas antigas, embora o valor financeiro exato da disputa não tenha sido divulgado publicamente.
O mimilenial não gosta de comprar casa, gosta de comprar ingresso pra show
Regravar as músicas foi uma estratégia que Taylor Swift adotou para recuperar o controle sobre sua música. Ao regravar suas músicas antigas, ela pode lançar novas versões das faixas, nas quais ela possui os direitos autorais, o que lhe permite receber os royalties provenientes das novas gravações. Isso não afeta os direitos das gravações originais (que ainda pertencem a outros), mas permite que Taylor Swift tenha controle sobre as versões regravadas e ganhe com elas. Embora essa não seja uma solução completa para o problema de ter perdido os direitos de suas músicas antigas, é uma maneira de minimizar as perdas financeiras e recuperar parte do controle sobre seu catálogo.
Esta Não é Uma Newsletter Sobre Música Pop
Mas essa é uma newsletter sobre investimentos, e não sobre música pop. O fenômeno Swift chama atenção porque se insere dentro de um grande fenômeno que queremos falar: a “terciarização” (não confunda com “terceirização”, isso é outra coisa).
O fenômeno econômico chamado "terciarização" se refere ao aumento da importância e participação do setor de serviços na economia de um país ou região em detrimento dos setores primário (agricultura, mineração) e secundário (manufatura e indústria).
Em outras palavras, à medida que uma economia se torna mais desenvolvida, ela tende a passar por um processo de terciarização, no qual a parte dos serviços no Produto Interno Bruto (PIB) e na mão de obra total aumenta, enquanto a participação da agricultura e da indústria diminui. Faz sentido: conforme um país vai enriquecendo, as pessoas enriquecem junto, e cada vez mais vai sobrando salário para gastar com coisas além do básico. Depois de pagar alimentação, moradia e transporte, sobra dinheiro para se divertir.
Esse fenômeno é comum em economias desenvolvidas, onde a produção de bens e produtos tangíveis tende a diminuir em relação à prestação de serviços, como tecnologia da informação, educação, saúde, turismo, finanças, entre outros. A terciarização é frequentemente associada ao crescimento econômico, urbanização e mudanças nos padrões de consumo da população, uma vez que os serviços desempenham um papel fundamental em atender às necessidades da sociedade em uma economia moderna.
Essa É Uma Newsletter de Sobre Investimentos
E a mudança no padrão de consumo, com o aumento do consumo de serviços, tem um impacto significativo na oferta de investimentos. Na classe de ativos tradicionais, como ações, a isso aparece na forma de empresas produtoras de conteúdo, como:
The Walt Disney Company (DIS): Uma das maiores empresas de entretenimento do mundo, que inclui estúdios de cinema, redes de televisão, parques temáticos e o serviço de streaming Disney+.
Netflix, Inc. (NFLX): A líder mundial em serviços de streaming de vídeo, oferecendo uma ampla gama de filmes e programas de TV sob demanda.
ViacomCBS Inc. (VIAC): Uma empresa de mídia que controla redes de televisão, estúdios de cinema e várias marcas de entretenimento, incluindo a Paramount Pictures.
Mas esse efeito também dá origem a outras classes de ativos e produtos, como criptoativos e fundos de investimentos alternativos especializados em entretenimento. A nossa brazuca XP, por exemplo, adora esse tipo de investimento alternativo: em 2021, por exemplo, lançou um fundo de investimento em direitos creditórios voltado à compra de shows de artistas brasileiros. Com captação inicial de R$ 260 milhões, investiu na compra de shows de artistas brasileiros como Alexandre Pires, Seu Jorge, Daniel, Leonardo, Bruno e Marrone, Raça Negra, Roupa Nova, e Vintage Culture. (Atenção: isso não é uma recomendação de investimento)
Abertura das receitas da Disney ($DIS): entretenimento dá dinheiro. E muito.
E tá achando que é só fazer uns showzinhos e vender a bilheteria para investidores? Nada disso, tem muita tecnologia e aparato judicial por trás.
A primeira delas é a garantia dos direitos autorais. A segunda é a gestão desses direitos.
A indústria de entretenimento, especialmente a indústria fonográfica, depende fortemente da gestão eficaz de direitos autorais para garantir que artistas, compositores e outros criadores recebam compensação justa por seu trabalho. Daí que muita gente vem utilizando blockchain, que oferece uma solução inovadora ao permitir a criação de registros imutáveis e transparentes de direitos autorais, garantindo pagamentos justos e o rastreamento de cada reprodução de músicas.
Ao eliminar intermediários, o blockchain pode simplificar o processo de pagamento de royalties, reduzir disputas e dar aos criadores um maior controle sobre seu material. Além disso, a tokenização de músicas e a emissão de NFTs proporcionam novas oportunidades para artistas gerarem receita e envolver seus fãs de maneira única, tornando-o uma tecnologia promissora na modernização da indústria fonográfica.
No universo de soluções em blockchain, uma coisa preocupa os usuários: o fato de que uma transação feita de modo incorreto signifique a perda dos recursos de modo irreversível. Levando isso em consideração, a Foxbit, referência em blockchain no Brasil e uma das empresas selecionadas pelo Banco Central do Brasil para implementar o Real Digital, pensou em uma solução bastante inteligente: multichain para as transações descentralizadas entre carteiras. Essa solução dá mais segurança para a negociação de tokens, por exemplo.
O mercado de tokenização pode alcançar mais de US$13 bilhões até 2030, e escalar e reduzir custos dos negócios é uma das principais possibilidades com a blockchain. Quem estiver por dentro das novidades que facilitam transações do tipo certamente estará adiante dos outros. Inclusive por isso, a Foxbit está produzindo conteúdos sobre as novidades em blockchain e sua utilização na rotina de empresas. Dê uma olhada no material aqui.
Gostou da possibilidade de misturar entretenimento e investimentos? Pois bem: não só esse parece ser um futuro promissor para colocar um dinheirinho, como também dá pra se especializar nisso. Existe um certificado tão difícil – e renomado – quanto o CFA e que dá um carimbo especial no CV de quem quer se aventurar nesse mundo de investimentos alternativos: o CAIA, Chartered Alternative Investment Analyst. Mas isso é história para outra carta, por hoje nós encerramos ao som da nova bilionária do pedaço.
Adorei esse tema, traz mais cartas sobre isso ❤️❤️❤️ valeu