Legenda: Esta é a sua carta semanal para atualizar o cenário de mercado. O objetivo é que você pelo menos fique um pouco mais informado ou tenha o que comentar na mesa do almoço.
No capítulo da guerra tarifária dessa semana o mercado resolveu ver o lado bom. Está rolando a construção de um memorando que vai trazer mais detalhes sobre a magnitude das tarifas. No mais, a interpretação tem sido na linha de que as tarifas de reciprocidade vão ser direcionadas a setores, muito mais do que a países de forma geral. O que faz todo sentido e até diminui retaliações generalizadas por parte de outros países. E agora temos datas: a Casa Branca informou que as tarifas devem passar a valer a partir de 1º de abril, mas até lá tem chão e muita água para rolar debaixo dessa ponte.
Boa parte dos descontos nos preços é função da incerteza diante da evolução das tarifas, saber o que vai acontecer, não sendo surpreendentemente ruim, já é suficiente para amenizar esse efeito.
E já que estamos falando de produto, o etanol brasieliro entrou no bolo nesse memorando aí. Esse estava até fácil de interpretar na bola de cristal. O Brasil taxar em 18% o etanol americano enquanto os EUA taxam a gente em 2,5% não me parece lá tão recíproco. Lembra do desempenho do mercado brasileiros há umas duas semanas? Pois é, o clima era de que não seríamos tão afetados pelas tarifas.
Você deve estar pensando, mas o cenário nem está tão ruim assim, vimos o dólar cair ao patamar de R$5,68 (18), o ibov passando e mantendo o patamar dos 128 mil pontos (17) e o juros futuros caindo mais de 30 bps (14). É verdade, e é por que do outro lado desse cabo de força temos o cenário político fazendo preço também.
A última pesquisa do Datafolha trouxe luz à claudicante popularidade do atual presidente. Pensa que a base eleitoral de um governo populista está pecando no preço dos alimentos, e a tão sonhada picanha no churrasco dos brasileiros está virando um bife de fígado meio ressecado - inflação nos alimentos. O resultado é a aprovação passando de 35% para 24% em dois meses, o pior nível em todos os mandatos do Lula.
O mercado viu dois pontos positivos nessa história. Primeiro, a redução das chances de reeleição do governo atual. Segundo, o flerte com uma política mais heterodoxa - marcada por aumento de gastos públicos e maior intervenção estatal - deveria perder força, já que vai ficando cada vez mais difícil colocar a culpa do cenário atual em teorias conspiratórias.
E o Congresso não está tão disposto a facilitar a vida de Lula. O senador Izalci Lucas afirmou que os senadores vão avaliar um projeto para regulamentar o pagamento de emendas e outros gastos do governo. Além disso, discute-se uma operação para anistiar o orçamento secreto. Se os recursos de interesse dos parlamentares forem liberados, a conta sobe para R$ 35 bilhões em emendas atrasadas. O qualitativo dos gastos do governo que já não anda muito bem das pernas mandou abraços.
Para quem está acompanhando os movimentos das commodities, ele tem nome e sobrenome, Conselho de Dominância Energética. Trump assinou ordens executivas, com o intuito de impulsionar o setor de energia dos EUA. Ficou bom para a Petrobras, que avançou mais de 3% na sexta-feira (14) e continuou o movimento de alta ao longo da semana inteira.
Mas não foi só por isso que as ações da petroleira continuaram subindo. As notícias dos desdobramentos geopolíticos mostram que a União Europeia está preparando novas sanções para limitar as operações que transportam petróleo ilícito aos russos.
Outra gigante do nosso índice, que por coincidência é estatal e opera com commodities, brilhou na sexta-feira (14). A Vale subiu quase 2%, embalada pelo clima positivo após os números de baixa popularidade do governo. Afinal, qual estatal de mercado não aprecia um pouco mais de liberdade das amarras governamentais?
A prévia do PIB, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) registrou recuo de -0,7% em dezembro, queda além do projetado. Mas mesmo assim o indicador terminou o ano com alta de 3,8%, acima do esperado. Bom resultado no agregado do ano, mas já começou demonstrar desaceleração a partir do terceiro trimestre.
Fonte: Valor
Nos EUA, o pessoal do FED continua operando no modo cauteloso. A inflação ainda teima em ficar acima da meta de 2%, e a ata do FOMC veio com aquele tom clássico de “muita calma nessa hora” de novo. A incerteza sobre a economia segue no radar, especialmente porque a taxa de desemprego continua baixa. E deixaram bem claro: sem progresso real na inflação, nem adianta espernear por corte de juros.
O Leão Vem Aí
Março não é marcado apenas pelas águas que fecham o verão, mas também pela abertura da temporada de acerto de contas com o leão da Receita Federal na declaração do Imposto de Renda. A Inteligência Financeira mostrou que um único erro levou mais de 750 mil pessoas a cair na malha fina. A Inteligência Financeira é uma plataforma de conteúdo que te ajuda a navegar o mundo dos investimentos, seja para manter a esperança na bolsa ou para dormir tranquilo com a renda fixa a 2 dígitos. Clique aqui e descubra qual é esse erro e evite cair na malha fina em 2025.
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Dados de Mercado
Data-base: 19 de fevereiro de 2025
Fonte: Yahoo! Finance
Você, meu jovem padawan das finanças, que tentou puxar dados com a lib yfinance no python e tomou um belo erro na cara hoje, tente dar um upgrade nela antes de entrar em pânico. Às vezes, um simples pip install --upgrade yfinance resolve.
Frase do dia
“Muitos são obstinados na busca do caminho que escolheram, poucos na busca do objetivo.” - Friedrich Nietzsche
Curiosidade da semana
Estrelas-do-mar não têm corpos. Junto com outros equinodermos (pense em ouriços-do-mar), seus corpos inteiros são tecnicamente classificados como cabeças.
Tenho reserva em bitcoin, ouro e dólar e reaplico o mesmo valor em cada uma mensalmente. Essa história de trumpcoin, esse embromation do gov americano e esse pessimismo do alto escalão (vide Buffet) com o bitcoin só serve pra deixar inseguro as sardinhas traders de todo mercado financeiro. Investir sempre é saber a hora certa da colheita não é coisa pra geração dos ansiosos.
A VALE é estatal?