Sorriso no canto da boca - Condado View
Legenda: Esta é a sua carta semanal para atualizar o cenário de mercado. O objetivo é que você pelo menos fique um pouco mais informado ou tenha o que comentar na mesa do almoço
Brasil - Cabeças rolaram
O Pula-Pirata desta semana girou em torno da turbulenta gestão técnico-política da sua estatal de predileta. Uma vez que “o inferno são os outros”, Jean Paul Sartre Prates foi dispensado da presidência da Petrobras nesta terça-feira (14). Claro, o movimento não é nenhuma surpresa para quem já estava de olho no drama dos dividendos extraordinários da companhia. Tudo parecia estar se acalmando depois que o governo, ao se dar conta de que embolsaria uma fatia generosa desses dividendos, decidiu apoiar a distribuição - pelo menos parcialmente. Comentamos mais nesse view.
O substituto que emergiu das sombras para o lugar de Prates foi Magda Chambriard, ex-diretora da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) durante o governo Dilma. Com ela, o espectro de um nacionalismo passado e presente começa a rondar o mercado. Sim, sabemos que os preços da gasolina já nos fazem abrir a carteira mais do que gostaríamos, mas a Petrobras já mantém o preço 9% abaixo do mercado internacional. O mercado torce o nariz para a possibilidade de intervenções nos preços dos combustíveis, especialmente através de cortes na base da canetada.
O mercado interno não conseguiu participar tão avidamente do bom humor externo dessa vez. As ações da Petrobras caíram 6%, enquanto o índice Ibovespa caiu 0,38% na quarta-feira (15).
Não fosse a dança das cadeiras na Petrobras, estaríamos atolados em outra semana de monotema aqui no Brasil até quarta-feira: a famosa Ata do Copom. Para quem perdeu os últimos episódios, houve um certo desacordo entre os membros do Copom quanto à intensidade do último corte na taxa de juros. O jeito foi aguardar a ata para decifrar os bastidores desse movimento. Bem, o vaso quebrado foi remendado com uma cola meio duvidosa: os dirigentes que apoiaram um corte mais agressivo, de 0,5 bps na reunião passada, decidiram manter a sinalização da ata anterior, principalmente por incertezas sobre mudanças significativas no cenário econômico - ai, ai. Porém, deram uma polida na imagem com a garantia de que há um consenso sobre a magnitude da Selic final, divergindo apenas quanto à velocidade para alcançá-la. No fim das contas a ata foi bem recebida.
Todo mundo sabe que o verdadeiro incômodo no mercado não se deveu à divergência na votação em si - afinal, quem participa de reunião de condomínio sabe que discordâncias são comuns - mas sim, à origem dos protagonistas dessas divergências. O burburinho tem raiz no fato de que o governo atual vai indicar mais dois membros para o conselho até o fim do ano, o que pelas minhas contas faz maioria. Tudo isso é gatilho para reativar a lembrança dos traumas das trapalhadas econômicas dos anos 10.
Mas nem tudo são lágrimas. Na quarta-feira (15) IBC-Br, trouxe boas notícias: o 1T24 fechou com um crescimento de 1,04% em comparação ao mesmo período do ano passado - começamos o ano bem.
Um coquetel de controvérsias e alguma sensatez permeia a notícia de que o STF conseguiu maioria para manter válida a lei da estatal, aquela que impõe restrições à presença de políticos em conselhos e diretorias de empresas públicas. Por outro lado, os nomeados durante a vigência da liminar do ex-ministro Lewandowski continuam nos seus postos. Talvez fosse sobre isso a profecia do Cumpadi Washington quando dizia que: ‘esse aí passou, esse aí passou, esse aí passou...”
EUA - Briga de gigantes
A tão esperada desaceleração na CPI, inflação ao consumidor, nos EUA, tardou, mas não falhou dessa vez. O índice teve um crescimento de 0,3% em abril, abaixo das expectativas do mercado, que projetava em um aumento de 0,4%. Houve uma desaceleração em comparação ao mês de março quando o índice marcou 0,4%.
Anualmente, o índice subiu 3,4% em comparação a abril do ano passado. O núcleo do CPI, descontando os itens mais voláteis, marcou um aumento de 3,6% ao ano, o menor desde abril de 2021, mas ainda bem distante da meta de 2% do FED.
Este indicador mais morno de inflação trouxe um sorrisinho de canto de boca aos investidores. Risk on para todo mundo, juros baixos, dólar fraco e bolsas indo de vento em popa. Como é aquela famosa frase mesmo? Ah, "Never bet against Traditional Financial Theory". Era isso?
Mas segurem as pontas antes de soltar fogos de artifício esperando cortes de juros. A inflação ainda tem que pintar um quadro bonito por mais alguns meses antes que possamos sequer começar a pensar em mudar de manutenção para corte de taxas. Toda a sabedoria das massas e a gente tem que ficar fazendo papel de chato dizendo que política monetária não é feita com base em um único dado.
Essa semana presenciamos uma das melhores rinhas da atualidade, melhor do que a suposta luta de boxe do Elon e Mark. Duas grandes empresas que pautam as discussões sobre as ferramentas de Inteligência Artificial lançaram atualizações dos seus grandes modelos de linguagem (LLMs). A OpenAI com o Chat GPT 4o (chama logo de Gepeto!) e o Google com o Gemini. Os avanços são impressionantes, eu só consigo pensar na produtividade do meu exército de estagiários munidos com essas ferramentas.
Um detalhe é que se olharmos por trás dos algoritmos e linhas de código, encontraremos os maiores players do mercado de ETFs que, com suas carteiras robustas, ajudam que o espetáculo da inovação continue. Não é apenas uma batalha de cérebros e códigos - não tirando todo o mérito, claro - é também uma dança de dólares.
Fonte: InvestNews
Frase do dia
"O maior risco é não correr nenhum risco" - Mark Zuckerberg.
"O maior risco é correr risco demais" - O autor faleceu antes que pudesse anotar seu nome.
Curiosidade da semana
A fobia de mulheres bonitas, também chamada de "venustrafobia" ou "caliginefobia", é uma condição incomum que se manifesta como um medo intenso ou ansiedade ao estar na presença de mulheres consideradas atraentes - a mulherada aceita isso como um elogio?
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