Legenda: Esta é a sua carta semanal para atualizar o cenário de mercado. O objetivo é que você pelo menos fique um pouco mais informado ou tenha o que comentar na mesa do almoço.
Brasil - Detenção Domiciliar
É, meus caros, o projeto Disney para todos vai ter que esperar. Na última sexta-feira, o dólar escalou para R$ 5,87 – quase um recorde, só superado pelos dramáticos R$ 5,90 de 2020, quando a gente passava álcool nas compras antes de guardar no armário. Em outubro, a moeda americana subiu 6,1%, e o mercado no seu tom mais professoral mandou um eu avisei sonoro.
Agora, se você está aí surtando e achando que a situação é o fim da picada, respire fundo: para o governo, esse cenário parece ter sido o estopim que eles precisavam – ou o empurrãozinho que vinham evitando. Se tem um número que tira o sono dos nossos governantes, é o câmbio. Principalmente porque não precisa de Blanchard ou qualquer “manualzão” de economia para ver que o dólar nas alturas transforma a gasolina em item de luxo e balança a inflação.
Com isso o nosso querido Ministro da Fazenda acabou em detenção domiciliar – nada de viagem à Europa para ele, não. O chefe meteu um please fix, mandou ficar e discutir o pacote de gastos. Nas conversas a portas fechadas, já se ouve o murmúrio de cortes e um orçamento mais enxuto para 2024. A pergunta é: será que as pastas mais abastadas também vão sentir o peso da tesoura? Não sei, mas estão chamando os Ministros para as conversas também.
Por enquanto, não temos muitos detalhes, mas a postura da equipe econômica com a meta de zerar o déficit público tem sido firme - tal qual uma gelatina - e, ao que parece, tem feito o mercado dar aquela levantadinha de sobrancelha aprovatória. Aguardemos o desenrolar, mas pelo visto parece que o governo entendeu que dessa vez a maré de dólar caro não vai ceder sem mudanças na política fiscal.
Quer a boa ou a má notícia primeiro? Vamos começar pelas boas, já que hoje estou de bom humor. O Tesouro Nacional anunciou uma redução de 1,25% na dívida pública em setembro - um respiro raro! Além disso, nosso mercado de trabalho robusto revelou que o desemprego caiu para 6,4%, o menor nível em anos, com dados dessazonalizados, claro. A participação no mercado de trabalho e o nível de ocupação também subiram, e a informalidade ficou estável. Mas como até notícia boa no Brasil pode ser ruim, celebre a carteira assinada de olho no preço do alface, desemprego de menos convida a inflação de mais.
A notícia ruim vem com um ar de déjà-vu: o COPOM decidiu, nesta quarta-feira (06), continuar com o ciclo de alta da Selic, subindo mais 0,50 ponto percentual para 11,25%. Enquanto boa parte do planeta está cortando taxas, a gente segue na contramão - o país da vanguarda!
EUA - Super quarta apagada
Eu sei, eu sei você só quer saber das eleições americanas. Pois bem! Parece que o futuro promete um EUA ainda mais protecionista, com aquela pitada de corte de impostos, que traz junto o combo: mais pressão inflacionária e um mais déficit fiscal para os nossos amigos do norte. E de quebra, um bom empurrãozinho para o comércio global seguir em marcha lenta.
Se a cadeira presidencial já é boa imagine com levá-la com boa parte (até agora) dos 435 assentos na câmara dos representantes, e maioria no senado? Parece que nesse momento o maior problema do próximo presidente dos EUA se resume a beber água mesmo.
Fonte: cmjornal
Após o anúncio de que Trump levou a cadeira presidencial, os americanos já sentiram o gostinho do chamado Trump Trade, na quarta-feira (06). Os rendimentos dos treasuries dispararam. O dólar teve sua maior valorização em dois anos, frente a várias moedas. Na bolsa, o clima foi de festa: o mercado de ações subiu mais de 2,5%, animado pela redução das incertezas políticas e pela promessa de novos estímulos internos.
Mas como não é só de eleições presidenciais que vive uma economia, vimos o núcleo da inflação do consumo (PCE) subindo 0,3% em setembro, como o mercado esperava. Nada de superaquecimento ou surpresinhas nesta rodada.
A taxa de desemprego também ficou meio parada, mantendo-se nos 4,1%, enquanto o payroll mostrou só uma pequena desaceleração. O consumo segue muito bem obrigado, e o PCE continua “não tão ruim assim” – ainda não atingiram a meta, mas pelo menos não veio aquele estouro acima do esperado.
Nesse cenário, não temos grandes novidades na decisão de política monetária nos EUA também - como tem que ser! O FOMC decidiu cortar 0,25 bps na taxa de juros, levando para um intervalo entre 4,5% e 4,75% ao ano.
Dados de Mercado
Data-base: 06 de novembro de 2024
Fonte: Yahoo Finance
Frase do dia
“A tecnologia encontra a maioria de seus usos depois de ter sido inventada, em vez de ser inventada para atender a uma necessidade prevista.” – Jared Diamond
Curiosidade da semana
Seu cérebro queima de 400 a 500 calorias por dia. Isso é cerca de um quinto de suas necessidades totais de energia. A maior parte disso está relacionada ao processo amplamente automático de controlar seus músculos e processar a entrada sensorial, embora alguns estudos mostrem que resolver problemas complicados também aumenta as necessidades metabólicas do seu cérebro.
Oque seria de mim sem as Cartas do Condado? Apenas um mero mortal. Tks @farialimaelevator