Legenda: Esta é a sua carta semanal para atualizar o cenário de mercado. O objetivo é que você pelo menos fique um pouco mais informado ou tenha o que comentar na mesa do almoço.
Brasil - Soja, Petróleo e Minério de Ferro
O burburinho da petrolífera Maha Energy (sueca), que é dona de 5% da brasileira 3R Petroleum, sugerindo a fusão das operações terrestres de extração de petróleo da 3R com a concorrente Petroreconcavo animou os investidores. Os papéis da PetroReconcavo e 3r Petroleum subiram 11,7% e 7,6% respectivamente, na quinta-feira.
Mas não teve notícia positiva no setor de petróleo e gás que fizesse o Ibovespa tirar o pé da lama na semana passada.
O título de pior semana de 2024 ainda é meio chacota porque quase não existe 2024 ainda, mas foi o que aconteceu. As perdas acumuladas foram de 2,56% e o índice fechou em 127.635 pontos.
Já no início desta semana fomos agraciados com as notícias sobre o debate de desindustrialização do Brasil - e lá vamos nós de novo. A promessa do presidente é de R$300 bilhões para o plano "Nova indústria Brasil" no último ano do mandato - 2026. Afinal protecionismo comercial funciona muito bem desde sempre, né?
Tá mas de onde viria a plata nesse caso? Por meio de transferências financeiras diretas, como subvenções, investimento público, compras governamentais e o nosso velho conhecido: empréstimos com taxas muito abaixo das do mercado, via BNDES.
Isso destoa muito das promessas de gastos controlados vindas do Ministro da Fazenda e apresenta um risco às contas públicas.
Essa semana após as notícias empolgantes sobre o governo chines investindo no mercado de ações (te conto mais daqui a pouco) ajudou a nossa bolsa a se recuperar, fechando o pregão de terça-feira em 1,31%. Não tem jeito, como grande parceiro comercial da China qualquer sinal de melhora na importação por parte deles a gente cresce o olho.
Quando digo grande parceiro comercial quero dizer: o Brasil completou cinco décadas de relações diplomáticas com a China. O comércio entre Brasil e China bateu a marca de US$157 bilhões (importações 53,2 e exportações 104,3) em 2023, a maior da série histórica desde 1987. Isso representa 30,7% das importações do Brasil e 52% do superávit recorde da nossa balança no período. No ano passado 57% das nossas exportações para nossa maior parceira comercial foi de: soja, óleo bruto de petróleo ou de minerais betuminosos e minério de ferro e seus concentrados. Pergunta óbvia: Fica alguma dúvida do porquê que a demanda por commodities da China é tão importante para a gente?
A Fitch Ratings no melhor estilo maternal de na volta a gente compra informou que devido ao cenário misto para América Latina que ainda sofre com impactos na sua demanda e altas taxas de juros, descarta elevar o grau de investimento do Brasil - quem sabe em 2025.
China - estímulos, pero no mucho
Começa a semana com a China noticiando que vai pisar no freio em relação aos estímulos da economia, pelo menos é o que se espera quando o anúncio da gigante asiática é de que vai manter os juros no patamar atual.
No meio da semana o papo já era outro, anunciou que vai fazer uma grande intervenção no mercado acionário. O número ventilado no mercado é de 278 bilhões de dólares para estimular a bolsa de Hong Kong - baita estímulo. Não gostaram de ver o Hang Seng (ibovespa chinês) cair 14% e emplacando como o lanterninha dentre todas as bolsas asiáticas no ano passado.
E para deixar claro que os estímulos ainda vão vir, anunciaram também que vai diminuir o depósito compulsório dos bancos. Explico: depósito compulsório é um montante que os bancos precisam manter em reservas junto ao Banco Central, ou seja, a parte do dinheiro que não podem usar. Quanto maior o compulsório, menos dinheiro circulando na economia. Vão diminuir em 0,5 ponto percentual para aumentar a liquidez em cerca de um trilhão de yuans.
A sinalização é de que o governo chines está fazendo um "stock picking" dos setores que quer estimular, enquanto cortar a taxa de juros seria o equivalente a "comprar" todos os setores.
EUA - Recado bem dado
Agora os investidores começaram a esperar cortes na taxa de juros americana somente em maio desse ano - parece que o recado do Christopher Waller funcionou (mais detalhes no condado view da semana passada).
As empresas de tecnologia têm se comportado como se mandassem um sonoro "tanto faz" para quando as taxas de juros vão diminuir. Boa parte delas aproveitou o fórum econômico em Davos para apresentar suas soluções envolvendo Inteligência artificial - o meu emprego vai ser substituído pelas letras garrafais "Espero que este texto encontre você bem"?
Os índices acionários americanos terminaram a semana muito bem, puxados pelas Magnificent Seven. Inclusive sexta tivemos dobradinha de recorde histórico (S&P 500 - 4.850 pontos e Dow Jones - 38.001 pontos ).
Relembrando quem são as Magnificent Seven: Nvidia, Apple, Alphabet, Microsoft, Amazon, Tesla e Meta.
Na esteira dos indicadores que vem surpreendendo, a projeção do PIB do quarto trimestre do EUA cresceu 3,3%, de acordo com a primeira estimativa divulgada pelo Departamento de Comércio americano. O mercado esperava 2%, mas o impulso do aumento nos gastos dos consumidores, no investimento privado, nas exportações e nos gastos dos governos federal, estaduais e locais deram um boost no indicador.
Quanto à projeção anual, o PIB real dos EUA teve um crescimento estimado em 2,5% para o ano passado. Isso representa um aumento considerável de 1,9% em relação ao ano de 2022.
Após 4 dias de negociação, o ETF de bitcoin da BlackRock foi o primeiro a atingir seu primeiro bilhão de dólares.
Somados, os nove ETFs da criptomoeda atraíram US$2,90 bilhões no mesmo período.
Frase do dia
"O único homem que nunca comete erros é aquele que nunca faz nada." - Theodore Roosevelt
Curiosidade da semana - Tempestade
Um dos fenômenos naturais mais surpreendentes do mundo ocorre no Lago de Maracaibo na Venezuela, conhecido como o Relâmpago do Catatumbo. Esta tempestade única produz relâmpagos quase que ininterruptamente e pode ocorrer até 160 noites por ano, com até 280 relâmpagos por hora. Este espetáculo de luzes noturnas não só é impressionante visualmente, mas também é um dos maiores geradores naturais de ozônio do planeta.