O cenário de longo prazo de uma semana - Condado View
Legenda: Esta é a sua carta semanal para atualizar o cenário de mercado. O objetivo é que você pelo menos fique um pouco mais informado ou tenha o que comentar na mesa do almoço.
EUA - Voltamos para Goldlocks?
Sabe aquele derrame nos mercados que vimos após a divulgação dos últimos dados do payroll? Parece que é coisa do passado. Voltamos à lua de mel da época - duas semanas atrás - que estávamos casados com a ideia de que o FED acertou o timing e vamos ter um pouco suave na maior economia do mundo.
Tá, mas o que rolou? Alguns dados vieram dar um afago ao mercado alimentando ainda mais o doce sonho de um pouso suave.
As vendas no varejo dos EUA superaram as expectativas, registrando em julho o maior avanço em 18 meses. O Departamento de Comércio anunciou na última terça-feira (14) que as vendas subiram 1% no mês passado. Esse dado gerou alarde porque o consumo impulsiona cerca de ⅔ da atividade econômica dos EUA.
Outro dado que ajudou a acalmar os ânimos do mercado foi o dos pedidos iniciais de seguro-desemprego, que vieram abaixo do esperado na semana passada, com uma queda de 7 mil. E como se isso não bastasse, na quarta-feira (21), vimos que os dados do payroll, divulgados no início do mês, foram revisados para baixo, revelando 818 mil empregos a menos que do que o estimado em um ano. Essa foi a maior revisão para baixo desde 2009.
Do lado que reforça a narrativa de que a economia está desacelerando demais, tivemos o PMI na semana passada também. Esse que já não estava muito bem das pernas registrou uma queda pior do que o esperado de 0,6%.
No final das contas, a perspectiva positiva prevaleceu, como vocês devem ter notado pelo desempenho dos ativos de risco. O resumo é que o CPI, PMI e o PPI mostram sinais de desaceleração, enquanto os indicadores de atividade revelam uma certa resiliência. Claro, não dá para apostar todas as fichas nesses dados e esquecer o que trouxe tanta incerteza da última vez, o payroll. Mas parece que o mercado decidiu que ia ser feliz por enquanto.
No âmbito geopolítico, o Secretário de Estado dos EUA disse que Israel aceitou a proposta de cessar fogo em Gaza, que também foi muito bem recebida pelo mercado. Olhos voltados para o Hamas que até agora não falou nada.
Agora no CME (22) mostram as probabilidade de um corte de 0,25% nas taxas de juros já batem mais de 75% - não era nem metade na época do pânico do mercado no início do mês.
Fonte: CME GROUP
Eu nem precisaria dizer mais nada, mas mesmo assim acho vale a pena mencionar. O cenário de longo prazo dessa semana é de que parece que o FED está mesmo atrás da curva de juros. O resultado você confere na tabela de Dados de Mercado logo abaixo.
Ah, a última ata da reunião do FED não deixou dúvidas que vai ter um corte na taxa de juros na reunião de setembro. Só não falaram sobre a magnitude se não não sobraria nada para o mercado confabular.
Brasil - Se ninguém atrapalhar o negócio até que anda
Por aqui conseguimos participar da festa dessa vez - Ibovespa não decepciona, né?
O atual diretor de política monetária, que provavelmente será o próximo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, adotou um tom cauteloso sobre o cenário inflacionário, reconhecendo que um aumento da taxa de juros pode ser necessário, dependendo de como os dados de inflação evoluírem. O mercado tem reagido positivamente a essa postura prudente, especialmente em um momento em que uma combinação favorável de fatores têm impulsionado o desempenho dos nossos ativos nesta semana.
Os EUA sinalizaram que há margem para cortes de juros na próxima reunião, o risco geopolítico deu uma trégua, e a valorização das commodities tem impulsionado as moedas emergentes. O cenário poderia ser ainda mais favorável, não fosse a alta do iene japonês e o desmonte dos carry trades. Ainda assim, foi bom ver o real valorizar 1% na segunda-feira (19), fechando a R$ 5,41 frente ao dólar, não foi?
Sentiram falta das declarações dos nossos governantes? As coisas estão mais calmas por lá, então não teremos essa seção hoje.
Dados de mercado
Data-base: 21 de agosto de 2024.
Fonte: Yahoo! Finance
Frase do dia
“É raro uma pessoa querer ouvir o que não quer ouvir.” - Richard Cavett
Curiosidade da semana
Os cães inclinam a cabeça quando você fala com eles para identificar melhor as palavras familiares . Seu cão inclina a cabeça quando você fala com ele para identificar de onde os ruídos estão vindo mais rapidamente . Isso é feito para ouvir com mais precisão palavras familiares, como "walkies", e os ajuda a entender melhor o tom da sua voz. Se um cão não inclina a cabeça com tanta frequência (como aqueles com focinhos mais curtos podem fazer), é porque ele depende menos do som e mais da visão.