Para a economia, fica a conta! - Condado View
Legenda: Esta é a sua carta semanal para atualizar o cenário de mercado. O objetivo é que você pelo menos fique um pouco mais informado ou tenha o que comentar na mesa do almoço.
Brasil - Bandeira vermelha igual à roupa do Papai Noel
No Condado View da semana passada a mensagem que o mercado mandou para o novo pacote de cortes de gastos foi um flerte com os R$ 6. Nessa semana ele sentiu que precisava ser um pouco mais incisivo.
A faísca que acendeu esse fogaréu foi a combinação, um tanto esquizofrênica, entre um atrasado cortes de gastos anunciado com pompa e a ampliação da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.
Para quem não está no clima fiscal, parece até uma boa notícia: oba! Menos imposto para a classe média. Mas, para quem analisa os números, a reação é outra: opa! Menos imposto da classe média. Afinal, a medida como veio não parece ter uma compensação clara, dá uma forte impressão de que talvez o governo não esteja tão comprometido assim com o ajuste fiscal.
O pacote de cortes de gastos até inclui medidas estruturais importantes, como a limitação do reajuste do salário mínimo a um intervalo de 0,6% a 2,5% ao ano,  a revisão de benefícios como o abono salarial, a implementação de uma idade mínima para a aposentadoria de militares, além da limitação do crescimento de emendas parlamentares. Porém, do jeito que foi feito é como anunciar que você vai economizar no cafezinho, enquanto financia um carro novo sem entrada. Convenhamos que o timing com a isenção do IR não foi dos melhores.
Mas vamos lá, ninguém aqui é bobo. O governo, como qualquer outro, está jogando para a torcida enquanto tenta manter as “contas no azul” - depois de ouvir muito. A isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil é um presente de grego com laço bonito: faz a base eleitoral sorrir agora, mesmo que jogue um rombo de R$ 45,8 bilhões na conta de amanhã. Assim o pacote de cortes de gastos vêm embalado como necessário, mas com aquele jeitinho de minimizar o desgaste político.
Acontece que a crise atual é uma crise de confiança, e comunicação desengonçada não passa confiança. O resultado narrado pelo radialista econômico preferido de vocês seria assim: para o mercado, falta compromisso fiscal. Para o povo, sobra aperto. Para a economia, fica a conta. E para o dólar:
Fonte: Google Finance
A China já adiantou seu presente de natal para o mercado na segunda-feira (02), com o PMI de manufatura superando as expectativas. Com isso, o minério de ferro e o petróleo deram uma animada no mercado internacional - Vale e Petrobrás não reclamam. As tensões no Oriente Médio, com as suas guerras seculares, também continuam puxando as cordinhas do mercado. Sem esses empurrõezinhos, o Ibovespa teria caído mais que os -0,34%, ainda choramingando sobre o pacote de corte de gastos + Isenção do IR.
O PIB resolveu continuar brilhando e veio surpreendendo, crescendo 0,9% no trimestre. Com isso, já são três resultados robustos consecutivos, um rally econômico de impressionar qualquer analista cético e de preocupar qualquer fiscalista assustado. O setor de serviços continua sendo o rei, com um avanço de 0,9%. Até aqui já crescemos 3%. Será que a gente emplaca os 5% prometidos?
Após o anúncio da troca de comando no Conselho da Petrobras, o papel engatou marcha ré. A ação da estatal encerrou o pregão com uma leve desvalorização de 0,63% na quarta-feira (04) – nada que vá causar insônia, mas suficiente para acender aquele alerta no mercado. O burburinho nos bastidores aponta que a saída de Pietro Mendes, atual presidente, pode estar ligada a uma possível promoção para a presidência da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Para ocupar o cargo na estatal, já circula nos corredores do mercado o nome do economista Bruno Moretti.
EUA - Indústria
O Índice de Gerentes de Compras (PMI) Industrial dos Estados Unidos teve uma discreta melhora, subindo de 48,5 em setembro para 49,7 em novembro. Embora o movimento indique alguma resiliência na indústria americana, o índice segue abaixo da linha dos 50 pontos, o que confirma a contração do setor. Em outras palavras, a economia industrial ainda está longe de ganhar do seu ápice, o que por ora, ajuda a esfriar preocupações mais urgentes com a inflação.
No exterior, os holofotes se voltaram para os dados de atividade, com destaque para o relatório de emprego privado dos Estados Unidos, o ADP. A revisão de outubro trouxe uma redução no saldo de vagas criadas, de 233 mil para 184 mil. Esse ajuste ajudou a sustentar a ideia de que o FED pode suavizar a mão no próximo movimento, com um corte de apenas 0,25 ponto nos juros americanos.
Dados de mercado
Data-base: 04 de novembro de 2024
Fonte: Yahoo! Finance
Frase do dia
“Se você consegue levar sua vida profissional a um ponto em que você aproveita metade dela, isso é incrível. Pouquíssimas pessoas conseguem isso.” - Jeff Bezos
Curiosidade da semana
O T. Rex provavelmente tinha penas. Cientistas na China descobriram esqueletos de tiranossauros do período Cretáceo Inferior que eram cobertos de penas. Se os ancestrais do T. Rex tinham penas, o T. Rex provavelmente também tinha. Ou seja, era uma gigantesca galinha.