Sem surpresas dessa vez- Condado View
Legenda: Esta é a sua carta semanal para atualizar o cenário de mercado. O objetivo é que você pelo menos fique um pouco mais informado ou tenha o que comentar na mesa do almoço.
EUA - Já que não tem tu, vai quantitative tightening mesmo
Na última sexta-feira (26), o mercado financeiro voltou seus olhos para a divulgação do índice de Preço de Consumo Pessoal (PCE) de março, que registrou um aumento de 2,7% em comparação com o mesmo mês do ano anterior. O núcleo do índice, que descarta os componentes mais voláteis, se mostrou um pouco mais resistente, com alta de 2,8% e se manteve estável em relação ao número de fevereiro. Quanto à comparação mensal, o índice apresentou um crescimento moderado de 0,3% em março, em relação ao mês anterior, indicando uma certa tendência de estabilidade nos preços também - sem surpresas dessa vez.
No view passado comentei que o PIB dos EUA cresceu apenas 1,6%, ficando aquém das expectativas. Essa semana a divulgação do PCE veio avisar que a desaceleração na demanda, indicada pelo crescimento modesto do PIB, não foi suficiente para reduzir a inflação. Aquela promessa de corte na taxa de juros já começou a colocar roupas mais parecidas com as de fim de ano e assumir que pode não ser tão extravagante como pensávamos e parar ali nos 0,25 pontos.
O spoiler acima já diz que, nessa reunião de quarta-feira (01), o FED decidiu manter a taxa de juros americana no mesmo patamar de 5,25% e 5,5%.
Jerome Powell, revelou que o Fed vai reduzir a velocidade com que retira dinheiro da economia. A partir de junho, o grande plano é diminuir o limite máximo de títulos do Tesouro que podem vencer sem renovação, de US$60 bilhões por mês para US$25 bilhões. Os investidores, decidiram ver essa redução no ritmo do “quantitative tightening” - aperto quantitativo - como um tipo de afago monetário. Já que não houve alívio na taxa de juros, por enquanto, o mercado aceitou o alívio nos balanços do FED mesmo - postura mais dovish do FED.
fonte: Valor econômico
A temporada de balanços das Big Techs continua e, independente da empresa, todos os comunicados são mono assunto: Inteligência Artificial.
A Amazon triplicou o lucro líquido no primeiro trimestre do ano, de US$ 10,43 bilhões, enquanto as receitas da empresa tiveram alta de 12,5% em comparação ao mesmo período de 2023. O diretor-presidente, Andy Jassy, não perdeu a oportunidade de dizer as palavrinhas mágicas e declarou: “A combinação de empresas que renovam seus esforços de modernização de infraestrutura e o apelo dos recursos de inteligência artificial da AWS está reacelerando a taxa de crescimento da AWS, agora com uma taxa de receita anual de US$100 bilhões”.
Outra notícia que fez barulho foi a dos resultados da Alphabet, dona do Google. O seu lucro aumentou 60% em comparação ao ano passado e a receita anual cresceu mais de 15% no primeiro trimestre para U$80,5 bilhões. Holofotes para crescimento robusto da computação em nuvem, guiado - é claro - pela inteligência artificial, o aumento no faturamento foi de 28% no trimestre para R$9,6 bilhões. A empresa anunciou também o pagamento de dividendos pela primeira vez.
Brasil - Habemus pagamento de dividendos extraordinários
Semaninha mais curta em terras tupiniquins, mas deu tempo para o Tesouro Nacional anunciar um déficit de 1,5 bilhão de reais, pior do que a expectativa de mercado. Mesmo com receitas subindo 10% acima da inflação, graças à nossa robusta arrecadação federal - fique feliz você está contribuindo para essa façanha! -, ainda assim não foi suficiente. Querem alguém para colocar a culpa? As despesas aumentaram 4% em termos reais, com a previdência ostentando um crescimento de 6%. No Brasil tudo pode virar risco fiscal, inclusive aumento da arrecadação.
Lembra daquele imbróglio envolvendo o pagamento dos dividendos extraordinários da Petrobras? A empresa confirmou o pagamento desses 50% e dizem por aí que o presidente Lula autorizou o pagamento dos outros 50%. Cabeças quase rolaram e no fim das contas agora a expectativa é de que todo o dividendo extraordinário seja distribuído, afinal para o governo é ruim agradar acionista, a menos que o acionista seja ele próprio.
A Anbima trouxe alguns números interessantes para a mesa esta semana. Cerca de 22,4 milhões de brasileiros, representando 14% da população, mergulharam no mundo das apostas online. Em contrapartida, apenas uma pequena fração da população investe em ações, somente 2%. Outros 5% escolheram títulos privados e mais 2% optaram por títulos públicos, mostrando uma clara preferência nacional pelas emoções rápidas das apostas.
Solução mágica para todos os problemas da bolsa brasileira: gamificação e um mascote carismático. E toda essa conversa de que a bolsa é um cassino? Francamente, estamos subestimando os cassinos - o jogo famoso aí é sete vezes maior que a bolsa. No fim das contas, a verdadeira inovação aqui é apenas uma nova e criativa maneira de ver seu dinheiro desaparecer.
Falando em dinheiro desaparecer, o resiliente investidor de varejo ficou animado com os ganhos das ações das Casas Bahia em mais de 30% na última segunda-feira (29), após o anúncio de recuperação extrajudicial, enquanto a performance acumulada nos últimos 12 meses é de mais de 80% de perdas. Viu só? Não precisa ir tão longe.
A agência de classificação de riscos, Moody's, alterou a perspectiva de crédito do Brasil de estável para positiva, mas isso não é um carimbo de que está tudo certo, não foi um upgrade de fato e ainda seguimos a dois degraus do "grau de investimento" (Ba2) - grau especulativo. No fim, a alteração é para sinalizar que pode aumentar a nota de crédito no futuro.
Frase do dia
O importante não é apenas ver o que ninguém viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre aquilo que todos veem. - Arthur Schopenhauer
Curiosidade da semana
O nome "Listerine" tem uma origem interessante, ligada a um pioneiro da antissepsia. O enxaguante bucal foi nomeado em homenagem ao médico britânico Joseph Lister, que foi o primeiro a promover a esterilização de instrumentos cirúrgicos e a prática da assepsia em cirurgias, com câmara esterilizada, pulverizando antisséptico no ar. Inspirado por suas inovações na medicina, os criadores do Listerine, Joseph Lawrence e Jordan Wheat Lambert, escolheram homenagear Lister ao dar o nome ao seu produto, que originalmente foi desenvolvido como um antisséptico cirúrgico antes de se tornar popular como enxaguante bucal.
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